Com a esperança de poder ajudar o pai a custear um exame de biópsia, Carla Cabral teve uma surpresa desagradável ao tentar sacar o Programa de Integração Social (PIS) na Caixa Econômica Federal na semana passada. A balconista foi informada pelo atendente do banco que o saque já havia sido realizado no estado do Paraná, com a assinatura e documentos falsificados da mulher.
Segundo Carla, ao perceber que tinha sido vítima de um golpe de estelionato, a própria gerência do banco buscou saber qual agência e horário tinha sido retirada a quantia de R$ 950. “Para eu sacar aqui, tenho que pegar a senha e vou para o caixa específico para o PIS/PASEP e tudo indica que fizeram tudo isso lá, onde fizeram uma carteira de identidade com a foto parecida com a minha”, relatou.
A vítima disse que o banco não descartou a possibilidade de ter funcionários que possam estar atuando no crime, já que garantiram não ser o primeiro caso em Boa Vista. A Caixa Econômica justificou para a mulher que será feito um laudo interno para apurar quais os próximos procedimentos em relação à situação, enquanto isso, Carla ainda não conseguiu fazer o saque do dinheiro.
Logo após a notícia, a balconista registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. “O sentimento é de desespero, de raiva… Fiquei triste porque esse dinheiro era para ajudar o meu pai, iria pegar e dar para ele. A gente se sente lesada, ainda tem o constrangimento de achar que a gente que tá enganando”, completou. Carla enfatizou que durante o processo precisou fazer a assinatura três vezes para comprovar que houve uma falsificação.
Para Caixa, falha no sigilo pode ser o problema
Por meio de nota, a Caixa informou que realiza o constante monitoramento das operações que envolvem pagamento de benefício, atuando na prevenção de eventuais ocorrências de fraudes. Caso o cliente necessite efetuar a contestação de saque do Abono Salarial, o reclamante deve comparecer a qualquer agência da Caixa para formalizar pedido de apuração.
“Visando evitar eventuais pagamentos indevidos, a Caixa enfatiza que o cartão e senha cidadão são pessoais e intransferíveis, não devendo ser fornecidos para outra pessoa. O titular do cartão deve guardá-lo em local seguro e a senha não deve ser anotada em papéis”, prosseguiu a nota.
Ressaltou que sempre que são identificados indícios de irregularidade, a Caixa envia Notícia Crime à Polícia Federal e promove os cancelamentos dos cartões sociais, bloqueios das senhas e dos benefícios que ainda não foram sacados.
A nota encerrou relatando que o saque do benefício pode ser efetuado nos canais de pagamentos: Unidade Lotérica, Correspondente Caixa Aqui e Autoatendimento com uso de cartão social e senha ou em qualquer agência da CAIXA portando documento oficial com foto.
Sobre o caso registrado pela moradora boa-vistense, a Caixa não deu mais informações e disse que se trata de um assunto sigiloso, tratado entre a cliente e o banco. Questionada sobre outros casos ocorridos com o mesmo viés, o banco não respondeu.
POLÍCIA – Mesmo fazendo um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil, o órgão afirmou que, por se tratar de uma instituição financeira federal, a jurisprudência para investigar o caso é de responsabilidade da Polícia Federal.
Já a Polícia Federal foi contactada para passar mais informações e também apontar quais os procedimentos e cuidados que devem ser feitos em casos como o relatado pela balconista, porém, não foi dada nenhuma resposta até o fechamento da matéria. (A.P.L)