Cotidiano

Boa Vista registra 349 suspeitos de zika

No interior, apenas Mucajaí apresenta um caso suspeito, e em Rorainópolis, há grande incidência de dengue, mas sem confirmação de zika

Após a confirmação de dois casos da febre zika, sendo um contraído em Boa Vista, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) instituiu a Rede Sentinela para dar celeridade ao processo de notificação da doença, que reúne a Policlínica Cosme e Silva, o Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital da Criança Santo Antônio, locais que, no prazo de cinco dias, as pessoas devem procurar ao apresentarem sintomas da doença para que sejam adotados os protocolos.

A população deve ficar atenta sobre o vírus zika. Em menos de três meses, desde a confirmação do primeiro caso em julho, o Município de Boa Vista já apresenta 349 casos suspeitos da doença e dois casos confirmados, sendo um autóctone, ou seja, originado em Boa Vista. Segundo a coordenadora da Vigilância em Saúde do Governo do Estado, Daniela Souza, estes números podem ser bem maiores, já que estão computados apenas os casso em que as pessoas procuraram os centros de saúde para diagnóstico.  

Os sintomas da zika são bem parecidos com os da dengue, com dores no corpo, febre baixa, conjuntivite (olhos avermelhados), pintas pelo corpo e coceira. Estes sintomas desaparecem de três a sete dias e, ao contrário da dengue e da chikungunya, não leva à morte.   

“Para diagnosticar a doença, o médico pode confirmar pela clínica, quando o paciente apresenta todos estes sintomas ou com o exame que é feito no Instituo Evandro Chagas, em Belém do Pará”, disse Daniela. “Porém, o Ministério da Saúde definiu que, na cidade onde for confirmado um caso de zica, não se fazem mais necessários os exames. Isso devido aos altos custos e, no caso de Roraima, só estão sendo feitos apenas para casos suspeitos nas cidades do interior do Estado”, frisou.

Dos municípios do interior, apenas Mucajaí apresenta um caso suspeito de zika. Em Rorainópolis existe grande incidência de dengue, mas sem confirmação.  “Além de caros, a alta demanda enviada ao Evandro Chagas, faz aumentar a demora dos resultados dos exames e isso dificulta ainda mais o trabalho”, disse a coordenadora. 

 PARCERIA – Daniela informou que existe uma parceria entre o Estado e a Prefeitura de Boa Vista no combate ao mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue e a chikungunya, em que o Estado disponibiliza o carro fumacê e o Município, a equipe de agentes de endemias.

“Mas temos que ter a parceria da população, pois o fumacê atinge apenas a frente das casas e, geralmente, o foco da dengue está nos quintais. É neste momento que ação dos agentes de endemias do Município se torna de extrema importância”, disse Daniela Souza. “Porém, o número de agentes de endemias é de apenas 54 profissionais, o que é pouco para a demanda de visitar todas as residências da Capital, por isso mais da metade das casas estão sem visitas devido ao baixo numero de profissionais”.

Outro ponto destacado pela coordenadora foi quanto ao acúmulo de lixo nos quintais e em terrenos baldios, o que faz aumentar os criadouros do mosquito e, consequentemente, os casos de zika, dengue e chikungunya. “É preciso que a população também comece a participar dessa parceria, evitando acúmulo de lixo nos quintais e fechar as caixas d’água”, orientou.

Quanto às pessoas que se medicam ao sentirem os primeiros sintomas, Daniela informou que a população deve procurar um posto de saúde para ter um diagnostico médico e a confirmação do tipo de doença.  “Não tem que achar que tem uma doença, tem que ter a certeza. E só um médico pode diagnosticar e encaminhar para o melhor tratamento da zica ou da dengue. Lembrando que a dengue leva a óbito”, frisou. (R.R)

Sindicato confirma número reduzido de agentes de endemias em Boa Vista

O déficit de agentes de endemias em Boa Vista, citado pela coordenadora da Vigilância em Saúde do Governo do Estado, foi confirmado pelo Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate as Endemias do Estado de Roraima (Sindacse-RR). Segundo afirmou a secretária-geral do sindicato, Djenani Braga, hoje são apenas 54 agentes atuando no Município, o que é um número muito aquém da necessidade para atender as demandas.

“Ultimamente, temos pedido muitos agentes que, devido à falta de equipamentos de proteção e de melhorias salariais, buscam outros setores para trabalhar e melhorar de vida”, disse. “Precisamos urgentemente de pelo menos 140 agentes para poder fazer um trabalho satisfatório de visitar as casas e evitar o aumento de doenças como a dengue, a chikungunya e mais recentemente a zika”.

A sindicalista disse que só este ano foram enviados pelo menos cinco ofícios para a Secretaria Municipal de Saúde solicitando equipamento de proteção individual e a contratação de novos agentes de endemias. “Mas não houve reposta até agora e nossa preocupação é que não se pode terceirizar o serviço de agentes de endemias. Não se pode colocar qualquer pessoal para trabalhar. Tem que ser através de seletivo ou concurso público”, disse.

Para ela, a falta de agentes trabalhando junto à população tem feito aumentar o número de casos de doenças na Capital. “É importante esse profissional estar em cada casa diariamente fazendo as orientações de prevenção de doenças”.    

Novos agentes serão contratados somente em 2016, diz Prefeitura

A Prefeitura de Boa Vista informou que conta com 142 agentes de combate às endemias, dos quais 113 em campo realizando ações de combate ao mosquito da dengue, chikungunya e zika.  Afirmou que já está planejando um novo processo seletivo para contratação de novos agentes em 2016.

“As ações de combate ao mosquito da dengue, zika e chikungunya  foram intensificadas desde que o primeiro caso de zika foi confirmado na Capital”, frisou ao ressaltar que cada cidadão também pode e deve contribuir na luta contra o mosquito transmissor, mantendo quintais limpos e acondicionando o lixo de maneira adequada. Hoje, o maior depósito de criadouro do mosquito é o lixo.

“Os agentes de endemias estão em campo trabalhando com foco na eliminação de criadouros potenciais, tratamento focal e borrifação com equipamentos portáteis, orientação a população com relação aos meios para evitar a proliferação de vetores e encaminhamento aos serviços de saúde, dos casos suspeitos de doenças endêmica”, complementou. (R.R)