O preço da cesta básica em Boa Vista, no mês de setembro, chegou a custar R$ 444,04, apresentando um leve aumento de 0,55% em relação ao mês anterior. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o custo para o conjunto básico de alimentos acumulou alta de 22,02%, a maior entre todas as capitais do Brasil no período.
Os dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que pelo terceiro mês consecutivo a Capital teve a cesta básica mais cara da região Norte. O que contribuiu para isso foi a variação no preço de produtos básicos, como a banana e o tomate.
Entre agosto e setembro, conforme o Dieese, seis produtos mostraram elevação nos preços. O tomate teve aumento de 9,80%, a manteiga teve alta de 9,02%, enquanto que o preço do café em pó subiu 2,17%. Já o pão francês, a farinha de mandioca e a carne bovina de primeira registraram alta de 0,64%, 0,56% e 0,44%, respectivamente.
A banana foi o item da cesta básica que mais registrou queda de preço, que de 11,35%, seguida do óleo de soja, com 3,43%; do feijão carioquinha, com que de 0,71%; do leite integral, que sofreu retração de 0,41%; e do açúcar, que caiu 0,28%.
Na Capital, os 12 produtos que compõem a cesta básica são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Ao contrário de outros estados, a batata não é incluída na cesta do boa-vistense.
O Dieese apontou que em setembro houve predominância de alta no preço do café em pó, da manteiga, do arroz e da carne bovina de primeira em todo o País, sendo que o valor do café em pó seguiu em alta e 24 cidades apresentaram elevação do valor do quilo comercializado no varejo. De acordo com o Departamento, o aumento do preço do grão no mercado internacional impactou na cotação dentro do País.
Já o preço do quilo da manteiga aumentou, por mais um mês, nos supermercados e padarias. Entre agosto e setembro, foram registradas altas em 22 capitais, com destaque para Boa Vista, onde aconteceu o maior aumento.
O Departamento pesquisou 87 estabelecimentos comerciais, que englobam supermercados, feiras livres, padarias e açougues, distribuídos em quase todos os bairros de Boa Vista. (L.G.C)
Salário mínimo para suprir alimentação e despesas deveria ser de R$ 4.013,08
O Dieese informou que o trabalhador boa-vistense, que recebe o equivalente a um salário mínimo, cerca de R$ 880,00, comprometeu 54,85% da remuneração líquida, ou seja, após os descontos previdenciários, com a cesta básica em setembro. Em agosto, o percentual exigido era de pouco menos de 54,55%.
Para conseguir comprar uma cesta básica, o boa-vistense que recebe apenas um salário mínimo precisou cumprir, em setembro, jornada de 111 horas e 01 minuto, semelhante ao tempo necessário em julho, que foi de 110 horas e 24 minutos.
Com base na cesta básica mais cara, que, em setembro, foi a de Porto Alegre (RS), e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estimou que mensalmente o valor do salário mínimo atual necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 4.013,08, ou 4,56 vezes o valor do atual mínimo, que é de R$ 880,00. Em julho, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.991,40, o que equivaleu também a 4,54 vezes o piso vigente. (L.G.C)
Variação no preço de produtos explica aumento, afirma técnica
Enquanto nos meses anteriores, em que a cesta básica apresentou alta por conta da migração de venezuelanos em busca de alimentos em Roraima, um dos fatores determinantes pela elevação no mês de setembro foi a variação no preço de alguns produtos.
“O tomate, por exemplo, que registrou o maior aumento, é um produto atípico porque durante o mês sofre constantes variações. Numa semana o produto é vendido a R$ 3,99, e na mesma semana passa a R$ 7,99. O caso do café foi diferente porque o produto teve problemas de venda no mercado internacional e queda na produção”, explicou a técnica do Dieese, Adisley Machado.
Conforme ela, outros produtores que tiveram baixa nos preços também sofreram o mesmo fator de variação. “A banana também é um produto atípico, porque como é muito perecível, inicia com um preço, e quando amadurece, o preço tende a baixar. Já a farinha aumenta de forma substancial, mas pode ser encontrada a R$ 12,00, assim como a R$ 4,00, dependendo do estabelecimento”, disse.
A técnica afirmou que devido ao fato de os consumidores estarem pesquisando mais no mercado local, muitos estabelecimentos estão fechando as portas. “Em agosto completamos um ano em Boa Vista, e nesse período notamos o fechamento de três supermercados. Mas só em setembro foram cinco estabelecimentos de grande e médio porte que fecharam, fora outros três, que estão na iminência de fechar”, frisou. (L.G.C)