Cotidiano

Boa Vista tem cinco áreas de invasão

Ocupações ilegais surgem nos bairros mais afastados do Centro e estendem-se à zona rural de Boa Vista

Há, pelo menos, cinco ocupações ilegais de terra em Boa Vista, nos bairros e na zona rural. As terras pertencem ao Município e ao Estado, mas, sem a titulação definitiva, continuam sendo invadidas por centenas de famílias de baixa renda, que alegam não ter onde morar nem dinheiro para pagar aluguel.

No bairro Cidade Satélite, zona Oeste, cerca de 150 famílias ocupam, há mais de um ano, alguns lotes de terra pertencentes ao Estado. A primeira invasão fica entre as ruas Terra e Ursa Maior. São 43 famílias em barracos cobertos por lona em uma área que antes servia como canteiro de obra da construção de uma caixa de água.

“Essa terra é do Estado, é pública. Estamos aqui porque não temos onde morar. Essas famílias já vieram de outra ocupação. Foram remanejadas para cá com a promessa de ganharem casa, o que não aconteceu até hoje.

Queremos a regularização dessas terras”, cobrou o educador social Arilson Carvalho, de 43 anos, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto de Roraima (MTST).
Para os moradores, a área não é invadida, mas ocupada. Eles disseram que técnicos do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima) já foram ao local, junto com assistentes sociais do Município. “A promessa é que este lote de terra seja regulamentado e que as famílias daqui sejam inseridas em programas sociais da Prefeitura e do Governo Federal. É bom lembrar que não somos bandidos. Somos gente trabalhadora que apenas quer um lar para morar”, frisou Arilson.

Ainda no Cidade Satélite, no final da rua Vegas, outra invasão, bem maior que a primeira, chama atenção pela destruição de uma área de mata nativa. Os lotes foram ocupados por mais de 100 famílias, que agora pedem a regularização das terras com a sua definitiva titulação.

“A área é do Governo do Estado, mas o Iteraima havia dado essas terras para um homem. Ele chegou a vir aqui e até ameaçou os ocupantes, mas vimos que ela havia ganhado a terra de forma ilegal, por isso não saímos. Ele sequer apresentou documentação das terras que ele dizia ser dono”, lembrou o pedreiro José Carlos da Silva, de 48 anos.

Centenas de famílias ocupam a área há um ano e quatro meses. A invasão começa ao lado de um conjunto residencial e estende-se mata adentro. Além de não terem onde morar nem dinheiro para pagar aluguel, os invasores também alegam que ficam de fora dos programas habitacionais do Governo Federal.

“A burocracia nos impede de ganhar uma casa ou um apartamento. Não podemos sequer nos inscrever. Aí ganha quem não precisa, quem já tem onde morar. Por isso muitos vendem os imóveis assim que os recebem. E cadê a polícia que não investiga essas fraudes de gente que ganha imóveis sem ter precisão?”, questionou José Carlos.