FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
O início de ano é marcado pelo verão, férias e Carnaval. E para os roraimenses, tudo isso torna o período propício para passeios e visitas a cachoeiras do Estado. Mas este lazer natural também requer cuidados. É preciso estar atento às pedras, ao volume da água e ter prudência quanto a saltos de locais elevados.
O Corpo de Bombeiros Militares de Roraima (CBMRR) só dispõe de equipes fixas para esses locais em razão de festejos. Portanto, o cuidado deve ser redobrado, principalmente em lugares de difícil acesso, pois o resgate pode ser acionado, há equipes prontas para atender às demandas, mas o tempo sempre pode ser um fator crucial.
No caso das pedras existem dois problemas: elas são escorregadias e podem ser também pontiagudas. A solução para os dois casos é simples: um calçado apropriado. Mas como nem todo mundo pode gastar com tênis específicos para passeios esporádicos, os usados para caminhadas já podem ajudar a prevenir acidentes.
“Nas cachoeiras daqui, há pedras muito lisas e nós temos muitas ocorrências de pessoas que escorregaram nelas e tiveram lesão de ombro ou nos membros inferiores. A nossa recomendação é que tenham muito cuidado com o calçado e a vestimenta e também que levem um kit de primeiros socorros”, recomendou o comandante da Companhia de Busca e Salvamento, tenente Assis Santos.
O nível da água também é um problema comum nas cachoeiras. Nelas, ou perto delas, quando começa a chover, por haver uma espécie de “afunilamento”, as águas sobem de forma repentina e se concentram nesses locais. A recomendação é que, ao perceber qualquer sinal de chuva, o banhista saia da água e fique em um local seguro.
“Tivemos uma ocorrência aqui e também já presenciamos isso no Tepequém. Também já houve ocorrência na Serra Grande, onde cerca de 30 crianças ficaram retidas porque atravessaram de manhã, choveu e o volume de água aumentou demais e elas não conseguiam retornar. Isto é muito comum”, relatou o tenente.
Outra recomendação é que os familiares sempre sejam informados sobre a ida para locais considerados de difícil acesso para que, caso seja necessário, essa informação seja repassada aos bombeiros.
Os saltos que banhistas costumam realizar de locais elevados para as piscinas naturais podem levar a um trauma raquimedular. Trata-se de uma lesão na coluna vertebral que atinge a medula espinhal podendo tornar uma pessoa paraplégica ou tetraplégica.
“Nesses saltos, que são feitos nas piscinas naturais que se formam nas cachoeiras, há lugares mais fundos e outros mais rasos. Em um salto deste, se errar o local pode sofrer este tipo de trauma. É uma situação que, se as pessoas que estiverem ali no local não perceberem de imediato, vai acabar gerando afogamento, porque o acidentado vai perder o movimento dos membros”, explicou Assis.
Mesmo quando logo se percebe a situação, o recomendado é acionar o Corpo de Bombeiros porque é necessária uma atuação especial para retirada do banhista da água. A coluna não deve ser mexida para evitar que o trauma se agrave. É preciso uma prancha para imobilização da coluna antes de a pessoa ser retirada da água.
“Precisa de todo um cuidado para não movimentar ainda mais a coluna. A retirada precisa ser muito cuidadosa porque o trauma raquimedular, em alguns casos, a pessoa volta a ter os movimentos dos membros, mas se o salvamento não for feito de forma correta, ela pode ficar paraplégica ou tetraplégica”, alertou. (F.A)