O grupo de 15 bombeiros, que foram enviados ao Rio Grande Sul para prestar assistência às vítimas das enchentes, retornaram a Roraima nesta sexta-feira, 14. Ao todo, com o período de deslocamento de ida e volta, foram 37 dias da Operação SOS Rio Grande do Sul.
A equipe auxiliou nas buscas por desaparecidos ao lado de equipes de outros estados. Conforme Gelbesson Souza, chefe da Força Tarefa de Resposta aos Desastres (FTRD) do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Roraima (CBMRR), o deslocamento e o frio foram alguns dos desafios enfrentados durante a operação.
“Ser bombeiro militar é um sacerdócio, a gente arrisca a nossa vida para salvar a do próximo. Foram mais de 5,5 mil quilômetros e oito dias de estrada na ida. Fomos remanejados para a Serra Gaúcha, em Bento Gonçalves, uma área muito complexa, com risco demasiado, que envolvia vários cenários. Nossa equipe altamente capacitada conseguiu cumprir a missão. O mais desafiador com certeza foi o frio, algumas guarnições pegaram temperatura negativa, foi bem pesado. Agora retornamos, depois de sete dias de estrada, com a sensação de dever cumprido”, afirmou.
Na ocasião, o tenente coronel mencionou que também realizaram mergulhos, em um frio rigoroso, para resgatar pessoas que haviam sido levadas pelas chuvas. Houve um momento, inclusive, no qual resgataram um corpo que estava desaparecido. “Foi um sossego para a família, que estava ansiosa e queria fazer uma despedida digna para a pessoa”
O major Natan Barbosa, de 34 anos, reforçou que essa foi uma missão desafiadora, desde o percurso até a busca pelos desaparecidos. Informou que, na ida, a equipe passou 25 horas dirigindo pela BR 319. Ao chegarem no Sul, lembra de ter se deparado com um lugar semelhante a um “cenário de filme de guerra”.
“Muitas casas devastadas, pessoas desabrigadas, morando na rua, embaixo de lona ou viaduto, até dentro dos próprios carros. Porto Alegre estava tomada pela água. Na Serra Gaúcha, atuamos mais em deslizamentos, soterramentos e enxurradas. Lá, o desastre era tão assombroso quanto na capital. Buscamos dar o nosso melhor, saio dessa missão com uma bagagem de conhecimento operacional muito maior”, destacou.
Reencontro com as famílias
Além das situações enfrentadas na missão, estar longe da famílias também foi um desafio para os bombeiros. Na cerimônia de recepção à equipe, que aconteceu no Palácio Senador Hélio Campos, os profissionais também tiveram a oportunidade de reencontrar os entes queridos.
Ao abraçar as duas filhas e a esposa, após 37 dias longe de casa, o sargento Diego Negreiros, de 31 anos, não conteve as lágrimas e se emocionou. “Falava com a minha família todos os dias, estava morrendo de saudade. Tentava falar com as minhas filhas o máximo possível, para manter a aproximação. Não sou de chorar, mas não me aguentei depois de ter reencontrado minhas filhas”, disse.
Ele reforça o perigo enfrentado pelos bombeiros, mas também ressalta o sentimento de gratidão em ter participado da operação. “Pegamos estradas bem perigosas, mas nosso trabalho foi muito gratificante e ainda recebemos reconhecimento dos gaúchos. Era um lugar turístico, que ficou irreconhecível devido às chuva”.