FRONTEIRA COM ESSEQUIBO

Brasileiros presos na Venezuela serão indiciados na próxima terça-feira (16)

Os 14 garimpeiros e as duas cozinheiras são acusados de tráfico de materiais, associação criminosa e crime ambiental

À esquerda, as 18 pessoas presas em garimpo venezuelano; à direita, cozinheira brasileira detida com o grupo (Fotos: Divulgação)
À esquerda, as 18 pessoas presas em garimpo venezuelano; à direita, cozinheira brasileira detida com o grupo (Fotos: Divulgação)

Os 16 brasileiros presos na Venezuela, desde 4 de outubro, serão indiciados na próxima terça-feira (16) pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) depois de serem acusados por tráfico de materiais, associação criminosa e crime ambiental. O processo judicial corre em segredo de justiça.

De acordo com informações do advogado e assessor jurídico do caso, Diego Rodrigues, os 14 homens e duas mulheres estão em outra unidade prisional, diferente da primeira, onde, segundo os relatos, teriam sido torturados. No novo local, aguardam a atualização do processo dentro do país venezuelano, uma vez que foram apresentados como presos em flagrante.

Diego Rodrigues foi ao TSJ, na Venezuela, na última terça-feira (09), conversou com a magistrada e alinhou defesa com o advogado venezuelano à frente do caso. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

“Nós temos prova de que eles estavam trabalhando legalmente para uma empresa que tem autorização do governo venezuelano para exercer essa atividade. O que ocorreu é que desconfiaram da documentação dos brasileiros, que tinham o termo provisório para estar naquele país. Eles desconfiaram dessas licenças porque atualmente elas estão suspensas”, explicou Rodrigues.

Os brasileiros foram presos em outubro, junto com um venezuelano e um guianense, em um garimpo venezuelano no rio Yuruari, em Bolívar próximo à região de Essequibo, território de crise entre Venezuela e Guiana. Desde então, a prisão que seria de 45 dias, completou três meses sem movimentação jurídica, conforme o relato de uma das cozinheiras à filha e, posteriormente, repassado à FolhaBV.

Previsão positiva

O advogado foi ao TSJ na última terça-feira (09). “Eu conversei com a magistrada, perguntei se há uma possibilidade da liberdade dessas pessoas. Ela disse que sim e que vai analisar cada um. Pedi também sobre a situação das mulheres, que tem filho menor e estão distantes, além da questão do Pacto de São José da Costa Rica [direito ao respeito e reconhecimento da dignidade]”, afirmou Diego Rodrigues.

Conforme o também assessor, há possibilidade de que até o final de janeiro o caso seja julgado. No entanto, se no dia 16, os brasileiros forem indiciados pelos três crimes e forem condenados por eles, a pena mínima será de 10 anos. Se condenados apenas por um deles, a pena mínima pode ser de cinco anos. O crime de tráfico de materiais é o mais grave.