Outro local que pareceu melhorar na segunda-feira, 25, foi na cidade de Santa Elena de Uairén, na divisa com Pacaraima. Conforme testemunhas que estão no local, o clima está mais tranquilo desde domingo, sem carros de polícia na rua e com as pessoas transitando normalmente. Porém, o clima de tensão permanece já que os residentes não sabem o que pode acontecer de uma hora para a outra. Isso tem motivado um grupo de brasileiros residentes na cidade em abandonar suas casas temporariamente para retornar ao país.
No momento, o grupo tem se mobilizado na construção de uma lista de brasileiros que desejam sair de Santa Elena. A tentativa é de diálogo com o Exército Brasileiro, o Consulado do Brasil na Venezuela e o Ministério de Relações Exteriores. Porém, o grupo ainda não recebeu respostas favoráveis.
“A situação não vai ser tão fácil. É muito arriscado. A realidade é que todos nós estamos escondidos. Todo mundo escondido. A situação está feia”, informou uma brasileira residente em Santa Elena, que preferiu não se identificar.
Outro grupo que também tenta retornar ao país é de turistas brasileiros que realizaram recente viagem para o Monte Roraima. Uma articulação com o Itamaraty concedeu a possibilidade de retorno de um primeiro grupo, com cerca de 30 pessoas, chegou à Pacaraima. A informação é que outro grupo, com cerca de 15 pessoas, permanece na Venezuela à espera de retorno para o Brasil, em um momento ideal. O Itamaraty, no entanto, ainda não se pronunciou sobre a vinda dos turistas e dos moradores brasileiros de Santa Elena.
ESTRAGOS – O clima mais ameno, porém, não diminuiu a observação das consequências dos conflitos vividos no último final de semana que causou, segundo a Prefeitura de Gran Sabana, a morte de 25 pessoas e 84 feridos.
O prefeito Emilio Gonzales divulgou nota no inicio da tarde informando que estava em Santa Elena. O prefeito disse que está sendo perseguido por militares a mando do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e que está escondido em uma casa, sem poder sair muito. Do outro lado da fronteira, Emilio reforçou que a situação era algo inesperada, ao avistar os estragos na cidade, com carros e casas queimadas e marcas da violência nas ruas.
“Seguimos adiante por Santa Elena. Seguimos adiante, com muita força. Queremos que Deus Todo Poderoso esteja conosco e derrame suas bençãos sobre o município. Precisamos do auxilio de todos para seguir adiante e derrubar esse governo ditador de Nicolás Maduro. Irmãos venezuelanos, me escutem, precisamos do apoio de todos”, afirmou Gonzáles.
Ele ressaltou ainda que a situação atual no município de Gran Sabana é de luto pelas mortes e feridos. “Estamos chorando, mataram nossos jovens, indígenas e não indígenas. É uma situação grave. Isso significa que temos um governo sem coração. Que tomou essa atitude, que nós condenamos, como povo Pemon, como humanos”, complementou. (P.C.)