Quem mora na Rua 3, no bairro Jardim Tropical, zona oeste de Boa Vista, chega a contar os dias para que o período chuvoso acabe o mais breve possível, já que é justamente nessa época que as águas da chuva secam e o local volta a se tornar transitável.
A via faz parte de uma série de outras da mesma localidade que nunca recebeu nenhum tipo de planejamento para pavimentação ou drenagem fluvial de águas.
Quando chove, a rua apresenta diversos declínios profundos. Os moradores garantem que a água é tanta que chega a invadir as casas até a altura dos joelhos, causando inúmeros prejuízos. Além dos danos patrimoniais dentro das residências, logo na esquina com a Avenida Abraão Félix Lima tem um buraco profundo, causado por uma obra de implantação de esgoto, que é parcialmente invisível para quem passa por ali.
Segundo a cabeleireira Rhynda Amorim, moradora do bairro há mais de um ano, o buraco se torna mais perigoso porque enche de água e os condutores ficam sem saber que tem uma abertura no local, aumentando o risco de acidentes.
“No começo do inverno, nesse ano, quando começou a chover, um carro passou, além de atolar, o motorista entrou no buraco. O carro dele ficou pendurado, é muito fundo”, relembrou.
A moradora contou ainda que, por conta da situação difícil da rua, prefere pegar um caminho mais extenso porque tem muita dificuldade em transitar por conta do volume de água e também de lama que fica quando a água baixa um pouco. Rhynda relatou também que os vizinhos mais próximos tiveram os automóveis danificados ao passarem pela via.
Enquanto a equipe da Folha estava no local para verificar a situação, o motociclista João Araújo parou para enfatizar que o problema do buraco na rua existe há anos e que nunca foi resolvido.
“Aqui alaga tanto que não passa nada. As crianças não vão para a escola, já perdi dois guarda-roupas e outras coisas. Não tem escoamento de água aqui, já vieram olhar o local, mas nunca fazem nada”, criticou o morador do bairro há oito anos.
O motociclista não foi o único a também assistir acidentes por conta da falta de visibilidade do buraco cheio de água. O comerciante Ismael dos Santos viu quando duas crianças caíram no buraco e foram salvas por terceiros.
“Estou aqui há mais de um ano, tive que fazer meu comércio mais elevado para não alagar, mas isso aqui vira um rio, ninguém passa. Quando diminui, as motos e carros não enxergam e caem dentro mesmo”, afirmou.
Mesmo após o fim das chuvas e a diminuição de água no local, os problemas não acabam. Sem pavimentação, a Rua 3 e todas as outras ao entorno se tornam um grande areal, levando poeira dentro das residências. “Muitas pessoas já entraram em contato [com a Prefeitura de Boa Vista], mas as pessoas desistem. Dizem que não está no cronograma de obras. Os vizinhos que estão aqui há mais tempo falam que a rua sempre foi desse jeito”, completou a moradora Rhynda.
Prefeitura não responde questionamentos
Há um mês, a Folha noticiou a situação das ruas da região no bairro Jardim Tropical, relatando que as vias nunca tinham sido asfaltadas. Ao ser procurada pela equipe na época, a Prefeitura de Boa Vista informou que o bairro é um loteamento particular autorizado na gestão anterior, entre 2008 e 2010, que não obrigava fornecer toda estrutura necessária. Contudo, o município garantiu que tem buscado recursos para solucionar o problema.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista novamente para saber quando seriam feitas as reparações no local, tanto de pavimentação quanto de drenagem, porém não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Seinf garante que problema é de responsabilidade do município
A Secretaria estadual de Infraestrutura (Seinf) informou, por meio de nota, que a obra de implantação da rede de esgotamento sanitário no bairro Jardim Tropical já foi executada, mas ainda não está em funcionamento. Esclareceu ainda que as obras de construção da rede de esgoto não ocasionam alagamentos. “Trata-se de uma rede fechada, que não é feita para absorver água da chuva”, frisou.
Ainda segundo a Seinf, uma equipe da empresa responsável pela implantação da rede de esgoto foi enviada até o local e constatou que não há rompimento da tubulação. “Por esse motivo, conclui-se que se trata de problema na rede de drenagem, que é responsabilidade do município”, finalizou a nota. (A.P.L)