Caer volta a despejar esgoto sem tratamento no igarapé Grande

A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) voltou a despejar esgoto sem tratamento da estação elevatória direto no igarapé Grande, que integra a bacia do Rio Branco, no bairro Araceli, zona Oeste. A denúncia foi feita por alunos de mestrado de Recursos Hídricos da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que realizavam trabalho de monitoramento na área e constataram a situação.
A Folha foi até o local para apurar o fato minutos após receber a informação e constatou um forte odor na área, além de vários excrementos saindo de uma calha e sendo jogado no igarapé. Conforme a responsável pelo monitoramento na região, Andrea Alencar, que é mestre em Recursos Hídricos, os estudantes não esperavam encontrar o igarapé naquelas condições e se espantaram com o despejo do esgoto.
“Quando chegamos, vimos bastante floração e não acreditamos que estavam despejando [esgoto sem tratamento]. Fomos verificar e vimos que realmente estavam, abriram a calha durante um bom tempo”, relatou.
Segundo ela, os alunos achavam se tratar de um vazamento na tubulação. “Até então, tínhamos visto um vazamento em torno da calha e percebemos que estava aberto, caindo um volume imenso de esgoto no igarapé”, disse.
A revolta maior por parte dos estudantes, de acordo com ela, era de que a Caer havia afirmado que não estava mais realizando o despejo de esgoto no igarapé. “Mas não foi o que nós vimos. Temos evidência de que não seria mais feito o despejo ali, porque a Caer nos informou que tinham construído outra lagoa”, frisou.
Para confrontar o nível de poluição do igarapé Grande, os estudantes fizeram a coleta de amostras de água, que passarão por análises. “As amostras que nós tínhamos antes evidenciam a diferença da água. Fizemos a coleta e agora vamos fazer uma análise”, complementou.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado informou que a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima vem trabalhando no sentido evitar ações que levavam a realizar o despejo de esgoto in natura em mananciais e reduzir os impactos ambientais no Estado. 
Para isso, afirmou que foi iniciado o processo para aquisição de nove conjuntos moto-bomba que serão utilizados como reserva em caso de falha dos equipamentos em funcionamento, razão pela qual levava a companhia a fazer o extravasamento do esgoto sem tratamento em mananciais nas gestões passadas. “Estamos trabalhando de toda maneira para evitar o extravasamento de esgoto in natura nos igarapés e rios, como era feito anteriormente”, disse o presidente da Caer, Danque Esbell, por meio de nota.
Sobre esse caso específico do igarapé Grande, a secretaria informou que não há nenhum registro da ocorrência na companhia. No entanto, disse que uma equipe será enviada para verificar a existência do problema e resolvê-lo, caso o fato seja comprovado.
Conforme a nota, a Caer também já está realizando, em parceria com a Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), o trabalho de monitoramento dos mananciais. “Estão sendo feitas coletas e análises de vários igarapés que contribuem para o Rio Branco. As amostras coletadas serão encaminhadas para os laboratórios da companhia para análises físico-químico, bacteriológico e de soluções. Essas análises vão qualificar a água conforme as classificações estabelecidas pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente)”, destacou.  “O trabalho visa encontrar situações irregulares e passar para a Femarh para que as providências sejam tomadas”.
Para garantir a permanência da qualidade dessas águas, as coletas serão realizadas semanalmente em diversos igarapés da cidade e do rio. O trabalho também será feito nos municípios do interior. (L.G.C)