AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
As novas regras de cobrança do frete rodoviário estabelecidas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) entraram em vigor nesta segunda-feira (20). Pela normativa está a estabelecida obrigação do pagamento do chamado frete retorno para os caminhoneiros. Além disso, a resolução também determina novos valores para cálculo do frete. Com as alterações, o valor do piso mínimo no País sofreu um reajuste que varia de 11% a 15%, de acordo com o tipo de carga e operação. Os valores de itens como pneu e manutenção dos caminhões também foram atualizados. As novas regras entram em vigor na próxima segunda-feira, 20.
Segundo o porta-voz dos caminhoneiros, Edmilson Aguiar de Souza, a categoria está se adaptando a essa nova realidade e um possível reajuste, dependendo de como o processo de implementação irá transcorrer.
Essa mudança saiu e estamos tentando nos adequar a algumas situações existentes, como o envio de mais cargas. Estaremos tentando fazer essa adequação e com certeza já começaremos a sensibilizar todos os caminhoneiros nesse sentido, já utilizando essa nova tabela de frete”, explicou Aguiar.
O porta-voz relembrou que a implantação dessas novas regras se deve não somente ao resultado da greve dos caminhoneiros de 2017, mas das conversas que constantemente a categoria tem mantido com o poder legislativo e executivo.
“O nosso diálogo com o Governo Federal e o Ministro dos Transportes é muito bom. Entramos em contato diretamente com eles e não tem aquela burocracia, mas o problema é que não depende só deles. Esse novo frete é reivindicação nossa e esse é um trabalho de cobrança, levando às autoridades as nossas demandas, para que tenhamos um ganho”, ressaltou.
NÃO COMPENSA – Nossa equipe conversou com alguns caminhoneiros que confirmaram não utilizar a tabela de frete para o transporte de carga. Eles alegam que o custo não compensa ao trabalhar com o preço tabelado.
O caminhoneiro Pedro Alberlan explicou que, como há trabalhos feitos com caminhão-baú e de carga seca, eles trabalham pegando carga de vários clientes, esperando que a viagem compense.
“Se for tabelado, não vai dar nem para pagar o óleo diesel. Fazendo um cálculo rápido, se aplicasse a tabela, ia dar um pouco mais de R$ 2 mil reais o valor do serviço; e a maior parte a gente utiliza para pagar o combustível, sobra bem pouquinho. E isso se considerar uma só viagem”, declarou o caminhoneiro.
Custo pode aumentar com tabelamento, alerta economista
Roraima pode ter produtos comercializados com preço mais caros ao consumidor (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
O economista Fábio Martinez acredita que esse reajuste possa vir prejudicar a população. “Isso é o governo determinando o preço das coisas, e geralmente isso não dá muito certo. O ideal seria que o próprio mercado determine quais são os preços e custos. Isso é oferta e demanda”, advertiu.
O economista alertou que a elevação de até 15%, três vezes acima da inflação de 2019, torna ainda mais caro o frete para aquelas pessoas que querem transportar as mercadorias.
“Vivenciando a realidade local e sabendo que ainda não temos uma produção roraimense suficiente para atender à demanda do Estado, dependemos bastante de mercadoria que vem de outros Estados por meio da nossa malha rodoviária. Isso é uma preocupação, pois isso pode se refletir nos preços dos produtos. Se o frete fica mais caro, os comerciantes acabam tendo que repassar esse custo ao consumidor.