Acostumado a se consultar com seu médico urologista anualmente para realizar exames de sangue e de toque retal, o jornalista Raimundo Siqueira, de 44 anos, recentemente foi surpreendido com uma notícia que é temida por muitos, o diagnóstico de câncer de próstata.
“É um baque por mais forte que você seja. Eu sou um cara muito positivo, toda situação pra mim sempre tem um lado bom. Eu nunca analiso pelo lado negativo, mas quando você recebe a notícia… Porque o nome da doença em si já é mais poderoso do que ela mesma. Me assustou, no início”, relatou.
Apesar de ter sido um processo demorado, com a realização de diversos exames até a confirmação do diagnóstico, o tumor presente na próstata de Siqueira foi encontrado ainda no estágio inicial, graças ao hábito de frequentar o médico regularmente.
“Quando eu recebi a notícia, claro senti aquele baque. Mas quando o médico falou que como eu ia a consultas frequentemente e acompanho há muito tempo, ele está numa fase inicial. A notícia boa de possibilidade da cura de 95% já me deu um certo alivio”, lembra o jornalista que atualmente organiza a campanha #JuntosPeloRaimundinho, em prol da sua cirurgia de retirada da próstata. Para maiores informações, ligue ou envie mensagem para o número 95 98123-3799.
A situação enfrentada por Siqueira foi a mesma de outros de 91 homens no estado de Roraima nos últimos três anos, que deram entrada para o tratamento na Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). Somente em 2017, foram feitos 40 diagnósticos da doença, enquanto em 2018 foram 37 e este ano foram 14 novos casos, segundo dados da Secretaria de Saúde (Sesau) solicitados pela Folha.
Doença silenciosa e cercada de dúvidas, é a segunda maior causa de morte por câncer em homens no Brasil, com mais de 14 mil óbitos, atrás apenas do câncer de pulmão, brônquios e traqueia, segundo o Ministério da Saúde.
Como qualquer outra neoplasia, o câncer de próstata possui maior probabilidade de cura se descoberto no início. Entretanto, o preconceito com o exame do toque retal é uma das principais causas que impedem muitos homens de realizar o procedimento.
O médico urologista da Unacon, Marlon Krubinik, ressalta que o toque é tão importante quanto o exame de sangue que avalia a proteína produzida pelo tecido prostático, o Antígeno Prostático Específico (PSA).
“O exame é extremamente rápido. Dura de 30 segundos, no máximo um minuto. Ele é praticamente indolor. O toque é extremamente importante, porque este câncer, em 90% dos casos, acomete a periferia da próstata e é muito fácil a gente sentir pelo toque. Nessa fase inicial o paciente não apresenta nenhum sintoma, então é importante que ele procure o médico sem ter nenhum sintoma”, afirma.
Assim que qualquer alteração é detectada, o paciente é encaminhado para a ressonância magnética ou biópsia, que é onde o prognóstico do câncer de próstata é confirmado, como explica Krubnik.
“Todos os homens a partir dos 45 anos devem fazer esse exame pelo menos uma vez por ano. Aqueles que tem histórico familiar, devem começar aos 40 anos. Quando você tem dois, três casos familiares, deve-se começar às vezes até antes dos 40 anos. Mas seria exceção”, complementa.
SINAIS E SINTOMAS – Krubnik orienta que os homens procurem um urologista antes de qualquer sinal da doença. “O ideal é que ele venha sem nenhum sintoma. Quando já possui sintomas, quer dizer que o tumor já está um pouco mais avançado”, diz.
De acordo com o MS, em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.