Cotidiano

Capacetes fora da validade dão falsa sensação de segurança

Condutores devem observar a qualidade do produto e realizar a troca imediata em caso de viseiras quebradas, fivelas rompidas e espuma fora do lugar

Hoje, 27 de julho, é Dia Internacional do Motociclista. Seja por hobbie ou por necessidade, pilotar uma motocicleta requer muito cuidado e atenção. Por isso, o Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran-RR) apontou os principais cuidados que os motociclistas devem ter.

Ao pilotar uma moto, deve-se ter cuidado com itens de segurança avariados ou fora da validade, como pneus carecas e faróis quebrados, vestir roupas e calçados adequados, não conduzir pessoas além do permitido, além de possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH) da categoria A.

O chefe da fiscalização do Detran Roraima, Vilmar Florêncio, recomendou que a troca de capacetes seja feita segundo a data de validade do produto, constada junto ao selo do Inmetro. Além disso, os condutores também devem observar a qualidade do item de segurança e realizar a troca imediata em caso de viseiras quebradas, fivelas rompidas ou amarradas, espuma fora do lugar ou avaria do isopor que promove a barreira de proteção.

“Costumo dizer que as pessoas chegam nas lojas e perguntam ‘qual o capacete mais barato’ ao invés de perguntar ‘qual o capacete mais seguro’”, disse Vilmar. “As pessoas precisam entender que o capacete é um item de segurança e, se ele não estiver bem ajustado, vai deixar a cabeça da pessoa desprotegida, o que pode causar sequelas graves e até óbito”, explicou.

Conforme o chefe da fiscalização, o uso de chinelos e sandálias de salto, entre outros, dificulta o acesso dos pedais, principalmente à marcha e ao freio, além de que a utilização desses calçados é proibida pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

A orientação também é que as pessoas utilizem roupas que protejam o corpo, como jaquetas e sapatos fechados, pois até em um incidente mais leve o condutor ou passageiro pode ser lançado ao solo e se machucar gravemente. “A utilização de roupas adequadas vai minimizar as lesões. A gente tem caso de pessoas que perdem dedos dos pés em acidentes simples, por não estarem utilizando o calçado correto, sem se proteger”, informou Vilmar.

PASSAGEIROS – Outra situação comum são as motos com três ou mais passageiros, normalmente, com uma criança espremida entre o pai e mãe, quando a moto é o único veículo da família. A legislação de trânsito permite somente que crianças com mais de sete anos sejam transportadas, no entanto, até recém-nascidos são vistos em motocicletas.

Na grande maioria das vezes, as crianças estão sendo transportadas com capacetes muito grandes ou sem eles, já que os fabricantes só produzem os itens para crianças maiores de sete anos de idade. “A criança acaba usando um capacete inadequado, muito grande para o seu corpo, em que a presilha não se mantém fixa. Isso dá uma falsa sensação de segurança. Os pais devem ter atenção com a correta utilização do capacete, com a cinta devidamente afivelada para que o capacete não seja lançado durante a queda”, completou.

MANUTENÇÃO – No período chuvoso há uma incidência maior de acidentes por conta da falta de manutenção dos veículos, já que muitos motociclistas utilizam o veículo com pneu careca, que dificulta a frenagem.

O sistema de iluminação também é um problema recorrente. “Há uma grande incidência de motociclistas trafegando à noite com sistema de iluminação totalmente apagado, o que pode ocasionar acidentes gravíssimos. Uma lanterna que às vezes custa R$ 5 pode custar a vida da pessoa”, afirmou.

LEGISLAÇÃO – Durante as fiscalizações, também é percebido um alto índice de pessoas sem habilitação. Para Vilmar, o percentual ocorre devido à facilidade na aquisição desses veículos, com várias chances de financiamento que oportuniza a compra. “Muitas vezes as pessoas não se preocupam em participar de um curso de formação de condutores. Aprender as regras do trânsito, para fazer a condução dos veículos. Pelo contrário, deixam a preocupação para um segundo momento, para ‘quando der’”, comentou.

O condutor sente no bolso o peso do descumprimento da legislação. Para o condutor sem CNH, a infração é gravíssima e o valor a ser pago é de R$ 880,41. A pessoa que conduz moto sem capacete pode ser autuada por uma multa gravíssima com valor de R$ 293,47 e cabe a suspensão do direito de dirigir. O mesmo vale para o passageiro. O excesso de passageiros é uma infração média, que custa R$ 130,16 e quatro pontos na carteira.

Por conta das chances de acidentes e os altos custos de penalização, Vilmar Florêncio ressalta a importância de se conduzir os veículos com mais atenção, respeitando as leis de trânsito. “O Dia do Motociclista é uma data que temos que comemorar e chamar a nossa atenção para a questão da segurança, das pessoas que conduzem e são transportadas nesse veículo”, finalizou. (P.C.)

Mais de 470 pessoas tiveram que passar por reabilitação física

O uso inadequado dos itens de segurança ao conduzir uma moto também influencia diretamente no alto índice de pessoas sequeladas por acidentes de trânsito no Estado. Até junho deste ano, já foram 477 atendimentos deste tipo no Núcleo Estadual de Reabilitação Física (Nerf) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

O índice representa 62% do total de atendimentos contabilizados no ano passado. Segundo a Sesau, de janeiro a dezembro de 2017, foram atendidos 762 pacientes por conta de acidentes de trânsito, em colisões ocorridas somente por motocicletas. 

Os números mais recentes do setor de estatística do Detran Roraima também comprovam o aumento no número de acidentes de trânsito envolvendo motociclistas no Estado. Até abril de 2017, houve 16 acidentes envolvendo pessoas de moto, tanto condutor como garupa. Neste ano, também até abril, foram 27 acidentes, o que representa um aumento de 68% no percentual.

Para Vilmar Florêncio, a estatística reflete o que é presenciado nas ruas do Estado. “Talvez pela fragilidade que o veículo apresenta, por ser mais frágil e ao mesmo tempo, ter uma velocidade muito grande. A agilidade também proporciona que os motociclistas trafeguem por entre os carros e em horários de pico, até por cima de calçadas”, avalia Vilmar. (P.C.)