Moradores da rua Comandante Essen Pinheiro, no bairro 13 de Setembro, ainda estão convivendo com os danos causados pelo incêndio que destruiu o prédio do Distrito Sanitário Indígena (DSEI) Leste. Uma semana depois do desastre, a fumaça já não é mais problema e sim o cheiro quase insuportável que vem de dentro da antiga sede administrativa.
O forte odor é causado por alimentos estragados que estão armazenados dentro de oito freezers da unidade. São pedaços de carne, frango e peixe que seriam enviados para comunidades indígenas atendidas pelo DSEI Leste, além de medicamentos que continuam escorrendo rua abaixo.
Em visita ao local, a equipe da Folha constatou que moradores e funcionários da Defesa Civil Municipal estavam colocando areia no pátio do prédio para tentar diminuir o cheiro. Todo trabalho estava sendo monitorado por conta do alto risco de desabamento do telhado, que está parcialmente destruído. Essa é a única ação que pode ser feita no momento, já que os freezers não podem ser retirados do local.
Segundo um funcionário que não quis ser identificado, não há mais possibilidade de manter o prédio em pé e que a alternativa será a demolição. Enquanto isso, toda gestão está esperando uma equipe da Polícia Federal chegar de Brasília para começar a apuração e elaboração do laudo para saber o que ocasionou o incêndio. “Nada pode retirar até eles chegarem. O risco do prédio cair é muito grande porque as botijas de gás explodiram e qualquer vento que bate a gente já fica em alerta”, disse o funcionário.
MAL-ESTAR – A funcionária pública Valdenir Santos relatou que ela e os vizinhos já não sabem mais o que fazer para que o cheiro não incomode tanto. “Dois dias depois do incêndio o cheiro podre começou. Era de arder os olhos e ficar um gosto ruim na boca. Mas a Polícia Federal veio aqui e disse que não era para violar nada. E pior, não tem como retirarem os freezers porque é perigoso cair tudo”, lamentou a moradora.
Valdenir ressaltou que crianças da região passaram a ter sintomas de mal-estar, com dores de cabeça e náuseas. “Aqui ninguém foi para a aula, todos passando mal. O filho da minha vizinha que já é adolescente teve que voltar da escola porque não estava se sentindo bem. Já falamos com todo mundo responsável, mas não resolvem nada”, criticou.
Gestão espera fim de perícia para concluir trabalhos administrativos
Sem qualquer possibilidade de continuar os trabalhos na sede, a parte administrativa do DSEI Leste está dividida em diversos prédios para prestar assistência aos indígenas. Parte da equipe esta na Casa de Saúde Indígena (CASAI), outra foi deslocada para a Universidade Virtual de Roraima (Univirr) e uma equipe para o Ministério da Saúde.
De acordo com o coordenador do DSLEI Leste, Joseilton Câmara, a situação é provisória até que um novo local seja disponibilizado para a sede indígena. “Fizemos um levantamento de todos os postos de saúde nas comunidades e distribuímos os medicamentos para outros locais que já estavam com o estoque baixo”, relatou.
O coordenador afirmou que aguarda a perícia da Polícia Federal para que os trabalhos sejam retomados normalmente. “A parte da frente do prédio vai ter que ser demolida e até para a realização da perícia será necessário fazer o escoramento das paredes”, completou.
POLÍCIA FEDERAL – A equipe de reportagem entrou em contato com a Polícia Federal para saber quando a equipe de perícia chegaria ao estado para realização dos trabalhos, mas não recebeu resposta até o fechamento desta matéria.