Pelo menos 33 carretas carregadas de alimentos cruzaram a fronteira do Brasil com a Venezuela na segunda-feira, 1º. Os veículos estavam havia mais de 40 dias no pátio da Receita Federal em Pacaraima, à espera de um acordo entre os dois países que possibilitasse a liberação da passagem para o território venezuelano, cujo acesso foi proibido desde o fechamento ocorrido em 21 de fevereiro por decisão unilateral do presidente Nicolás Maduro.
A crise que se instalou na Venezuela e que já chegou a níveis críticos tem provocado dificuldade de acesso a produtos básicos, inclusive alimentos, e isso pode ter sido o principal argumento usado pelas autoridades venezuelanas durante encontro realizado na segunda-feira entre representantes da aduana da Receita Federal do Brasil e da Venezuela para permitir a abertura da fronteira, mas apenas para a passagem das carretas.
À Folha, o auditor-fiscal agropecuário do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Anastácio Levimar Rodrigues dos Santos, responsável pela inspeção de liberação das carretas, informou que o destino da maioria das cargas é Caracas, porém outros veículos seriam descarregados em vários pontos do país vizinho.
“Nossos técnicos agropecuários fizeram inspeção apenas das carretas com produtos alimentícios que são de nossa responsabilidade, como trigo, farinha e açúcar. As demais cargas foram liberadas pelos auditores-fiscais da Receita Federal em Pacaraima que deram a certificação para poder entrar em território venezuelano”, afirmou.
Além das primeiras carretas que já cruzaram a fronteira, outras 70 já estariam tendo as cargas vistoriadas e devem ser liberadas pelo Mapa e Receita Federal já a partir desta quinta-feira, 4, para entrar na Venezuela. O principal destino dos carregamentos continua sendo Caracas e cidades vizinhas. A informação foi confirmada pelo auditor-fiscal Levimar Rodrigues.
“Aproximadamente 70 carretas estão na aduana de Pacaraima para serem inspecionadas pela Receita Federal na área alfandegada, e só depois disso é que entramos para fazer nossa vistoria”, disse, informando que o Mapa trabalha com dois técnicos agrícolas, cinco auxiliares administrativos e um técnico de atividade agropecuária que fazem a inspeção e vistorias e passa as informações para a liberação de cargas.
Ele alertou que a passagem só está liberada para carretas. “Pelo menos até agora, o tráfego continua fechado para outros veículos e pessoas”, afirmou.
Durante a tarde de terça-feira e a manhã de ontem, a Folha tentou contato com o presidente da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Cargas do Norte (Coopertan), Dirceu Lana, para saber sobre a movimentação dos caminhoneiros para o transporte de cargas para a Venezuela. Depois das muitas tentativas e recados deixados com a secretária, não houve retorno.