Em meio às ruínas do prédio da Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller, abandonado há alguns anos, localizado no Centro, no principal centro comercial de Boa Vista, na avenida Jaime Brasil, usuários de drogas e moradores de rua utilizam o espaço como abrigo durante a noite e para descarte de lixo durante o dia. Esse prédio foi a primeira residência oficial do governador de Roraima.
Além dos populares que costumam passar quase todos os dias pela frente do local, a situação tem incomodado principalmente alguns empresários e comerciantes, que dizem estar tendo prejuízos com a perda de clientes por conta do mau cheiro no prédio vizinho.
Segundo um comerciante, que preferiu não se identificar, a situação tem ocorrido constantemente. “É tudo aberto, eles [usuários de drogas] entram e saem a hora que querem, fazem a bagunça toda. É triste ver que um prédio, que é símbolo da nossa cultura, esteja assim”, relatou.
Outro empresário, que também não quis se identificar, denunciou que muitos fazem uso de entorpecentes no local mesmo durante o dia. “Todo dia é assim. Usam todo tipo de droga e depois saem espalhando lixo à procura de comida. Já vi de tudo, até assalto já houve por aqui”, afirmou.
A Folha foi até a Casa da Cultura e constatou que, além do lixo, as portas e janelas estão totalmente abertas e quebradas, o que facilita a entrada e permanência de moradores de rua e usuários de drogas.
Em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Casa da Cultura poderá ser transformada em patrimônio histórico oficial. Com isso, não poderá sofrer modificações sem autorização. No início do ano, o Governo do Estado informou que para fazer a recuperação do espaço seria preciso elaborar um projeto respeitando uma legislação federal específica para prédios tombados, que seria feito através do próprio Iphan para a reforma ser realizada.
À época, o governo esclareceu que iria priorizar apenas obras que coubessem no orçamento do Estado, levantadas pela Secretaria de Infraestrutura (Seinf), como revitalização do auditório do Palácio da Cultura, Anfiteatro do Parque Anauá e a Galeria de Arte.
GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado informou que a Casa da Cultura recebe semanalmente uma equipe para a realização da limpeza, além de capina periódica. No entanto, diariamente pessoas do entorno costumam jogar lixo e entulhos no local, tornando o acúmulo de sujeira uma constante na estrutura, que já foi vistoriada duas vezes este ano por equipes do governo, “que busca adotar medidas o mais breve possível para mudar esta realidade”.
Conforme a nota, uma comissão mista, formada por servidores da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e Seinf, estuda medidas para a recuperação do lugar o mais breve possível, “alvo de descaso das gestões passadas” e encontrado em total estado de abandono e sem condições de uso pela atual gestão. Cenário esse que gera problemas como a iniciativa indevida de alguns indivíduos que costumam utilizar da estrutura para descartar resíduos. (L.G.C)