Cotidiano

Casos de suicídio continuam preocupando

Além de mais um caso ontem à noite, na semana passada foram dois de suicídio e outros três que tentaram tirar a própria vida

Mais um suicídio foi registrado, na noite de ontem, em Boa Vista. No mês de prevenção ao suicídio e valorização da vida, Roraima continua registrando um alto índice de casos. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), somente na semana passada duas pessoas se suicidaram na Capital. Um levantamento feito pela Folha apontou que, no mesmo período, outras três tentaram tirar a própria vida.

De janeiro a setembro deste ano, o Núcleo de Estatística da Polícia Civil registrou 25 casos de suicídio no Estado, mais do que em todo ano de 2014, quando foram contabilizados 24 casos. Em 2015, foram 39 ocorrências contabilizadas no Estado, média superior a três por mês. Proporcionalmente, Roraima é o segundo Estado brasileiro onde mais pessoas põem fim à própria vida.

O problema foi debatido no dia 14, pela Associação Amazonense de Psiquiatria (AAP), que apontou Boa Vista como a Capital com maior índice de mortalidade por suicídio do Brasil, que destacou a maioria dos registros envolvendo indígenas e homens maiores de 21 anos.

Para o psiquiatra e integrante do Conselho Regional de Medicina (CRM), Laerth Thomé, a depressão é o grande fator de risco que leva uma pessoa ao suicídio. “O que leva uma pessoa ao suicídio, no meu ponto de vista científico, são os fatores de risco, como a depressão. A pessoa entra em um quadro depressivo, que leva ao suicídio”, disse.

Conforme ele, o uso de drogas, doenças e conflitos familiares também são associados aos casos. “Depois da depressão, o uso de drogas, principalmente o álcool, causa o suicídio, assim como doenças conceptivas, como o câncer, e conflitos familiares de várias naturezas, como uma separação. Muitas vezes a pessoa não tem controle sobre isso”, explicou.

Para o especialista, a prevenção só é possível por meio de investimentos e determinação política. “A prevenção é possível, mas precisa de investimento e determinação política. Num Estado onde a saúde pública está degringolada, eu não sei se isso é possível. Só recentemente o Ministério da Saúde publicou uma portaria que obriga a notificação do suicídio, então não tem como entender o assunto sem dados”, afirmou.

Conforme ele, primeiro é preciso que haja um diagnóstico correto sobre a situação para depois apontar soluções para a problemática. “Para planejar algo eu preciso saber quantos casos têm, onde ocorrem, faixa etária, sexo e conflitos. Eu não posso apenas realizar passeatas e distribuir cartilhas, que podem ajudar. São necessárias políticas públicas claras sobre isso para ter uma ideia do que acontece, porque sem isso nada podemos propor”, avaliou.

O psiquiatra frisou que o suicídio é um assunto que precisa ser mais discutido. “Ainda bem que agora está tendo um pouco de abertura e as pessoas estão se permitindo falar. Nessa semana terei reunião com o Ministério Público e com o CRM [Conselho Regional de Medicina], com o objetivo de tentar interligar as informações, que devem passar do IML, do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e da polícia”, frisou. (L.G.C)