Com a aquisição de novos equipamentos, o Laboratório Central de Roraima (Lacen) passou a realizar diagnóstico molecular para sarampo e assim obter respostas mais rápidas das amostras. A previsão é que os resultados sejam entregues em cinco dias. A informação foi confirmada em coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem, 20, no Lacen-RR.
Com a implantação dos novos equipamentos, não será mais necessário encaminhar as amostras para análise na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Agora o Lacen se tornou o primeiro laboratório no país a realizar esse tipo de diagnóstico, que antes costumava ser uma exclusividade da Fiocruz.
Antes, o exame tinha que ser enviado de avião para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, e muitas vezes tinha que fazer escala em Brasília, o que preocupava os especialistas sobre os cuidados com refrigeração necessários. “Agora a gente vai trabalhar com um tempo de cinco dias. Antes os cinco dias úteis eram só para a amostra chegar ao Rio de Janeiro”, explicou a coordenadora de Vigilância em Saúde, Daniela Souza.
Daniela explicou ainda que, após o envio, o estado não tinha previsão de retorno das amostras, tendo em vista o surto de sarampo em outras localidades que também precisavam ser analisadas. “Encaminhamos amostras e não tivemos retorno em 30 dias”, completou.
A diretora do Lacen, Cátia Menezes, informou ainda que um número muito pequeno de amostras continuará a ser encaminhado para a Fiocruz do Rio de Janeiro. “Essas amostras são para manter o controle de qualidade, já que nós somos uma rede. O envio também será feito em casos mais peculiares, quando é preciso uma maior identificação”, comentou.
Esta avaliação mais aprofundada, segundo Cátia, é necessária quando não se sabe precisar o genótipo do vírus do sarampo, podendo ser o que tem origem na Venezuela ou aquele que aparece após a cobertura vacinal. “Nós temos dois tipos de genótipos hoje, o vacinal e o D-8 que está acometendo a nossa população. Quando o paciente tiver um caso confirmado através do nosso laboratório e ele tenha se vacinado há pouco tempo, então é importante identificar”, frisou.
A partir desta semana, o Lacen-RR tem a capacidade de realizar análises em 70 amostras por dia, em dois turnos de trabalho. As amostras que chegarem ao laboratório central não são imediatamente testadas, sendo necessária primeira uma preparação. A medida só foi possível graças à parceria com o Fiocruz Amazonas, que capacitou a equipe de Biologia Molecular do Lacen-RR para acelerar o diagnóstico e assim obter um resultado mais efetivo.
Roraima tem 296 casos confirmados de sarampo
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) também informou os dados atualizados de sarampo em Roraima, agora com 296 casos confirmados. Até o momento são 458 casos notificados, 101 em investigação e 61 descartados.
Dos 296 confirmados, três são em Alto Alegre; 78 em Amajari; 145 em Boa Vista; nove no Cantá; um em Caracaraí; 55 em Pacaraima; quatro em Rorainópolis e um em Uiramutã. Os municípios de Caroebe, Iracema, São João da Baliza e São Luiz não têm casos confirmados.
Dos 458 notificados, quatro são em Alto Alegre; 81 em Amajari; 267 em Boa Vista; 13 no Cantá; seis em Caracaraí; um em Caroebe; dois em Iracema; 72 em Pacaraima; nove em Rorainópolis; um em São João da Baliza, um em São Luiz do Anauá e um em Uiramutã.
Os países com casos notificados continuam sendo Brasil, Venezuela, Guiana e Argentina. São 93 confirmados em pacientes brasileiros, 201 venezuelanos, um guianense e um argentino. Dos pacientes brasileiros, 192 são não indígenas e 23 indígenas. Já dos pacientes venezuelanos, são 109 não indígenas e 131 indígenas. (P.C.)