Cotidiano

Causa do apagão foi em RR, diz Eletrobras

Depois de culpar repetidamente a Venezuela pelos desligamentos, Eletrobras assume problemas nas termelétricas locais

A população de Roraima tem sofrido com os constantes apagões e quedas de energia no Estado. O último blecaute, ocorrido na noite de sábado, 16, deixou nove dos 15 municípios sem energia elétrica por mais de três horas. Ao contrário do que havia sido divulgado anteriormente, a Eletrobras Distribuição Roraima reconheceu que a falha ocorreu na subestação Boa Vista, de responsabilidade da Eletronorte.

Conforme a distribuidora, a Usina Termelétrica de Monte Cristo, localizada no trecho norte da BR-174, na zona rural de Boa Vista, apresentou falhas, impedindo a recomposição do sistema de energia. Em outras palavras, isso significa que, mais uma vez, os geradores movidos a diesel instalados no Estado não conseguem manter o abastecimento.

À Folha, o presidente da Eletrobras em Roraima, Rodrigo Moreira, afirmou que o principal desafio da empresa tem sido encontrar uma solução para que as termelétricas façam a recomposição em casos de apagões no Linhão de Guri. “Fizemos testes na semana passada e as termelétricas haviam apresentado melhora no controle de tensão. Apesar de já terem sido feitos aprimoramentos, as usinas ainda não foram capazes de fazer a recomposição”, disse.

Ele apontou várias causas para os recorrentes apagões em Roraima e sinalizou o que está sendo feito para solucionar os problemas. “A maioria dos eventos foi no sistema de transmissão. Nós tivemos problemas de aves na rede, desligamentos da própria interligação, na Venezuela e em Roraima. A Eletronorte tem apresentado relatórios para mostrar os problemas e o tratamento que será feito a respeito disso”, informou.

Para Moreira, a solução para pôr fim aos apagões é a conclusão das obras do Linhão de Tucuruí, que irá fazer a interligação do Estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). “A Venezuela continua sendo nossa principal fonte de energia, atendendo em média 85% da carga de Roraima. Por mais que tenhamos geração disponível, a solução é que nós façamos a interligação com o Amazonas”, frisou.

Ele antecipou que as usinas termelétricas passarão por novos testes, no final de janeiro, para que os problemas de recomposição sejam solucionados. “Na realidade, as usinas não estão respondendo como deveriam responder. Está sendo programado um teste, nos dias 28 ou 29 deste mês, pela madrugada, quando iremos fazer a substituição de equipamentos para que a recomposição seja feita em caso de novos apagões”, frisou.

MPF abre procedimento para apurar falhas no abastecimento

Tramita na Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) do Ministério Público Federal (MPF) em Roraima o procedimento para apurar os recorrentes problemas no abastecimento de energia no Estado.

Com as constantes oscilações verificadas nos últimos tempos, a PRDC tem oficiado a Eletrobras e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) questionando sobre providências para evitar novos apagões.

Em um dos ofícios, a Procuradoria solicitou informações sobre a oferta de energia advinda das usinas termelétricas que estão operando em Roraima, requisitando relatório se a energia dessas usinas tem se mostrado suficiente para suprir as descontinuidades no fornecimento por parte da Venezuela, bem como a participação dessas usinas em valores percentuais, na composição da energia fornecida no Estado de Roraima.

O Ministério Público também oficiou a Aneel e a Secretaria de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia para empreenderem fiscalização sobre as oscilações no abastecimento de Roraima – aplicando às concessionárias as punições cabíveis –, e para informarem sobre projetos de implantação de fontes alternativas de energia no estado, tais como a eólica e solar. Em caso negativo, esclarecer a razão pela qual essas possibilidades não foram cogitadas para a solução do problema energético em Roraima.

A documentação e as informações levantadas vão integrar o procedimento do MPF que, após a conclusão das investigações, poderá lançar mão dos instrumentos judiciais e extrajudiciais disponíveis para tentar solucionar a questão energética do estado.

Ações individuais disparam em órgão de defesa do consumidor

A perda total ou parcial de equipamentos elétricos tem sido a principal causa de ações movidas por consumidores junto ao Serviço de Orientação e Defesa do Consumidor, o Procon Assembleia. “Atendemos várias demandas individuais. A gente orienta os consumidores a sempre procurarem o órgão para que haja uma mobilização sobre esse problema”, disse o diretor do Procon ALE, Lindomar Coutinho.

Ele explicou que, em caso de prejuízo, o cidadão deve comprovar a perda ou dano do equipamento para mover a ação. “O consumidor tem que ter em mente todos os dias e a hora em que houve o apagão, além da nota fiscal do produto danificado. Orientamos também o consumidor a procurar a concessionária de energia, onde é estipulado o prazo para fazer o conserto ou o ressarcimento”, frisou. (L.G.C)