Cotidiano

Cem mulheres já foram presas no semestre por tráfico e assalto

A faixa etária das mulheres presas envolvidas em crimes e que ingressaram no sistema prisional está entre 20 e 26 anos

O envolvimento de mulheres no mundo do crime em Roraima tem aumentado cada vez mais. Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), 106 deram entrada na Cadeia Pública Feminina, localizada na região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista, somente no primeiro semestre deste ano.

Foram 12 detentas no mês de janeiro, 15 em fevereiro, 22 no mês de março, 19 em abril, 29 em maio e nove em junho. A faixa etária dessas mulheres que ingressaram no sistema prisional no primeiro semestre de 2015 está entre 20 e 26 anos, sendo que 90% dos casos estão relacionados ao tráfico de drogas (incluindo tráfico internacional), seguido de roubo (artigo 157 do Código Penal).  Os demais crimes são em percentuais menores.

Dentre os casos citados, está o da jovem Yara Thais da Silva, de 22 anos. Ela é acusada de um roubo em uma residência no bairro Alvorada, crime ocorrido em maio deste ano. A jovem e cinco comparsas teriam invadido a residência com armas de fogo, amarraram, amordaçaram e agrediram as vítimas, que eram revendedores de confecções, e levaram todo o estoque de roupas, além de dinheiro, joias e celulares. Yara também já havia sido presa anteriormente, suspeita de ter ajudado a assassinar a tiros o taxista Genival Lucas Lima, de 50 anos, crime ocorrido no final de maio passado, na zona Oeste da Capital.

Para o sociólogo Linoberg Almeida, o fato da vinculação do homem com as questões que envolvem o crime acabam tornando as mulheres mais sujeitas a cometer delitos. “A mulher acaba sendo uma vítima dessa situação, mas passa a ter também relação de culpada. Ela pode ter relações com o crime, mas no primeiro momento se torna um elo frágil dessa jogada”, afirmou.

Conforme ele, a mulher deve ser tratada como um personagem secundário por trás da criminalidade. “A gente tem que lembrar que a maioria delas é que faz as visitas na penitenciária e se torna meio de comunicação com quem está preso. Com isso, acabam se tornando propícias a entrar nesse meio”, explicou.

Para o sociólogo, o cenário de glamurização do crime também é fator fundamental para o número elevado de mulheres presas. “A pessoa não tem acesso aos bens de consumo pelos meios legais e entrar no mundo da marginalidade dá a sensação de que ela pode ter aquilo e acaba sendo influenciada”, ressaltou.

Almeida também citou o fato de as mulheres entrarem cada vez mais cedo no crime. “Elas estão envolvidas em uma lógica da impunidade, onde acham que não vão ser punidas pelos crimes que cometem e acreditam pouco na justiça. Os crimes normalmente são cometidos por jovens entre 17 e 20 e poucos anos, porque elas são parceiras dos criminosos”, pontuou. (L.G.C)