Cotidiano

Cemitério Municipal está superlotado

Sem vaga no cemitério público, empreendimento particular se tornou uma alternativa para famílias

O Cemitério Municipal Nossa Senhora da Conceição, localizado no bairro São Vicente, foi fundado em 1956, e seu último pedaço de terra virgem foi utilizado em 1984. Desde então, o local enfrenta um problema que sempre foi ignorado: a falta de espaço para famílias que não possuem condições de pagar por um sepultamento.

É o que afirma o presidente do Sindicato das Empresas Prestadoras de Serviço Funerário do estado de Roraima, Anselmo Martinez. Além de ser dono de funerária, ele fundou, em 1988, um cemitério particular. Uma vez que o local serve para uso público, se tornou uma alternativa para famílias que não possuem condições de pagar por um sepultamento e não podem enterrar seus parentes em um cemitério que já não oferece espaço.

Anselmo conta que, a princípio, quando as funerárias se depararam com a lotação do cemitério da Nossa Senhora da Conceição, elas se reuniram para criar projetos de reformas do local. “Quando nos deparamos com a situação do cemitério lotado, a nossa empresa funerária apresentou um projeto para reforma do cemitério, com finalidade de dar uma sobrevida de 15 anos para o local. Apresentamos planejamentos como esse mais de uma vez, mas o governo da época nos destratou. Foi daí que a nossa empresa resolveu abrir o cemitério privado, com a alçada de uso público”, afirmou.

Por causa da oferta do sepultamento simples, Anselmo conta que ela representa a maior parte da demanda de famílias que decidem sepultar seus parentes no local, com mais de 50% de todos os serviços prestados.

“A maior parte de nossa demanda é de sepultura simples, justamente por causa da falta de vagas no cemitério público. E tem sido assim há décadas. Eu não digo isso como uma crítica à Prefeitura sobre sua gestão no cemitério público, mas existe um problema prático muito grave em relação ao espaço. Nós disponibilizamos o espaço, segundo prega a legislação, por um período de três anos para adultos e dois para crianças. Não fazemos isso por publicidade, mas somente por sabermos que não há mais lugar para famílias religiosas de baixa renda realizarem o sepultamento gratuito”, frisou.

O presidente em exercício do Sindicato das Empresas Prestadoras de Serviço Funerário do estado de Roraima ressaltou que, independente da gestão que esteja administrando o local de sepultamento público, é preciso que pelo menos uma reforma que garanta espaço para evitar problemas que ocorrem quando famílias tradicionais insistem em realizar um enterro no cemitério tradicional do estado.

“É importante manter a reserva, pois imagina o seguinte: se alguma figura pública, autoridade ou alguém ligado a uma família histórica daqui do estado morre e os parentes exigirem que seu enterro seja no cemitério tradicional, como a Prefeitura se vira? Eles são bem competentes quanto à administração do cemitério, mas o espaço é um problema enorme e que não parece haver uma solução tão cedo”, concluiu.

PREFEITURA – A Folha tentou contato com a Prefeitura de Boa Vista sobre a administração do cemitério Nossa Senhora da Conceição, mas não obteve retorno. (P.B)