No mais tradicional centro comercial, o cotidiano da avenida Jaime Brasil vem passando por mudanças que sinalizam o crescimento populacional de Boa Vista. Uma delas é o aumento no número de pessoas que fazem a renda familiar na informalidade. São os vendedores ambulantes.
Muitos são nativos. Outros, de diferentes regiões do país e até aqueles oriundos de outros países como os recém-chegados da Venezuela ou Haiti. Todos chegam aqui com incertezas, mas mantêm o mesmo propósito: melhorar de vida.
Entre tantos, o senhor Isaac Garrido, venezuelano de 40 anos, há pouco mais de seis meses vivendo em Boa Vista. “A inseguridade econômica me fez deixar meu país”, disse. “Estou trabalhando de forma digna para dar comida à minha família”, relatou.
Por outro lado, alguns comerciantes não aceitam os ambulantes e reclamam da concorrência. “Achamos errado porque eles vêm aqui e acabam atraindo clientes que poderiam ser nossos. É injusto porque eles não pagam impostos”, disse um comerciante que pediu para não ser identificado.
Questionado sobre estar trabalhando de forma irregular no centro comercial, um dos ambulantes alegou que a burocracia e os impostos fazem com que ele não se interesse em sair da informalidade. “Eu trabalho de forma digna. Não estou matando, nem roubando. Ocorre que o processo necessário para se formalizar, além dos impostos é muito complicado”, alegou o ambulante.
Prefeitura – Em nota, a Prefeitura informou que, a Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) realiza um trabalho permanente para coibir as ocupações irregulares e exploração comercial nos passeios públicos, de modo a preservar as calçadas para trânsito de pedestres.
“A equipe faz a fiscalização em diversas ruas e avenidas da cidade, reforçando junto à população a importância do ordenamento das calçadas”, diz trecho da Nota.
Em razão da crise que o país também atravessa, a Emhur entende que muitas pessoas buscam a sobrevivência na informalidade. Os fiscais orientam os ambulantes sobre impedimentos da legislação que proíbe a comercialização de produtos em logradouros públicos sem a autorização do município. Os estrangeiros são orientados também para regularizarem suas situações no Brasil.
Sujeira na Jaime Brasil
No tradicional centro comercial, a equipe de reportagem da Folha registrou sujeira e lixo em diferentes pontos. De acordo com comerciantes, residentes e trabalhadores de áreas adjacentes, essa situação é constante.
Prefeitura – Com relação à limpeza da Jaime Brasil, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente informou que a limpeza na área central da cidade é feita todas as noites.
“A prefeitura orienta ainda para que a população também faça sua parte. Fiscalizando, não jogando lixo, entulhos e galhadas. Essas ações garantem que a cidade fique limpa e organizada, além de impedir o entupimento de bueiros”, destacou em nota.
Espaços públicos servem de abrigo
Além de moradores de rua e de pessoas em situação de rua, imigrantes venezuelanos ocupam os espaços públicos como praças e as construções, sendo alvo de reclamações de comerciantes e moradores das proximidades, ocasionando em ações de orientação e retirada por equipes da Prefeitura de Boa Vista.
Prefeitura – Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Gestão Social informou que realiza frequentes abordagens sociais junto a estrangeiros ou não, orientando e fazendo os encaminhamentos necessários.
“A Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) não tem medido esforços para fiscalizar e disciplinar os espaços públicos de modo a melhorar a qualidade de vida de todos e promover o desenvolvimento econômico da cidade”, reforçou.
A nota esclarece que em razão da atual conjuntura econômica, as demandas são consideravelmente superiores, fugindo à capacidade de atendimento em espaços administrados pelo município.
“A administração municipal tem permanentemente adotado políticas de inclusão que autorizam o incentivo da iniciativa econômica por meio da cessão do direito de uso de espaços públicos, considerada a vulnerabilidade do requerente”, pontuou.