Cotidiano

Centro de atendimento à mulher recebeu mais de 780 denúncias em 2015

Os casos que tiveram um maior número de registros estão relacionados a agressões psicológicas e moral

De acordo com o relatório das atividades de 2015 do Centro Humanizado de Atendimento à Mulher (Chame), da Assembleia Legislativa, no ano passado foram notificados 787 casos em todo o Estado. Em relação a 2014, os dados de acolhimento sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher quadruplicaram em 2015. No ano anterior, houve o registro de 184 ocorrências.

As denúncias que lideram os atendimentos estão relacionadas às agressões psicológica e moral, com 463 e 363 notificações, respectivamente. A agressão física vem em seguida com 276 casos. Por fim, houve ainda 204 casos de agressão sexual e 179 registros de agressão patrimonial. Segundo a coordenadora do Chame, deputada Lenir Rodrigues (PPS), esse acréscimo significativo nos atendimentos não quer dizer que aumentou a violência, mas revelam que as mulheres passaram a ter coragem de denunciar.

Durante todo o ano de 2015, além de atender diariamente na sede, que fica em Boa Vista, o Chame promoveu vários atendimentos de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, nos municípios do interior. O acolhimento é interdisciplinar com atendimentos feitos por psicológico, social, jurídico, de orientação e informação.

Além disso, o programa realiza palestras e media conflitos familiares em parceria com a Defensoria Pública, como divórcio, dissolução de união, reconhecimento de paternidade/maternidade, ação de alimentos e guarda dos filhos.

“No Brasil, as estatísticas apontam que Roraima, em termos proporcionais, com dados de 2013, é o Estado com maior índice de violência doméstica e familiar. Não é que sejamos o Estado mais violento, é que nós fizemos um trabalho que as pessoas tiveram mais coragem de denunciar”, disse Lenir.

Ela acrescentou que as ações da Delegacia da Mulher, Tribunal de Justiça e Ministério Público com o Juizado de Violência Doméstica e Familiar também contribuíram para esse aumento nas notificações.

“Isso faz com que as pessoas tenham coragem de vir e dizer: ‘Eu fui violentada sexualmente pelo meu marido. Eu não queria ter relação sexual e fui violentada’. O que é algo muito difícil das pessoas entenderem. Isso é crime. Está previsto na Lei Maria da Penha. Então, as pessoas estão com mais coragem. O número de atendimento psicológico no Chame aumentou muito porque as pessoas começaram a buscar orientação”, esclareceu Lenir.

A coordenadora do Chame afirma ainda que a sociedade precisa conhecer e identificar os tipos de violência doméstica e familiar. “Não temos apenas a violência física. Temos a violência patrimonial, sexual, psicológica e moral. Esse problema das pessoas não saberem identificar os tipos de violência, é o que faz com que a sociedade não se empodere e a mulher não tenha coragem de notificar”, afirmou.

 

Público masculino será atendido em 2016

A coordenadora do Chame, Lenir Rodrigues, informou ainda que em 2016 haverá palestras em ambientes em que a predominância do público seja do sexo masculino. A intenção, conforme a deputada, é prevenir e evitar casos de violência. Conforme a deputada, os comércios que tiverem interesse em abordar o assunto com os seus colaboradores, precisam enviar um ofício para o Chame.

“Nós teremos uma equipe que vai se deslocar até a empresa, que deve disponibilizar, no máximo 40 minutos, antes de começar o trabalho para que possamos ministrar as palestras para os colaboradores desses comércios, para que se policiem antes que eles cometam um crime na Lei Maria da Penha”, disse a parlamentar.

Para Lenir, será possível a diminuir da violência, criando harmonização nas famílias. “E o Chame faz isso também. Quando um casal está em “pé de guerra”, às vezes, o que precisa é de uma orientação da assistente social, psicóloga e da advogada para que as pessoas entrem em paz social. Se a família vai com paz, esse índices de violência também vão, naturalmente, diminuir para toda a nossa sociedade”, acredita.

Com informações da ALE