Cotidiano

Cerca de 65 mães estão cadastradas no Banco de Leite Humano

Atualmente o BLH, conta com um estoque total de 134 litros de leite, sendo 60 litros pasteurizados

O Banco de Leite Humano (BLH) Doutora Marilurdes Albuquerque, do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), é um setor que vem trabalhando pela promoção do aleitamento materno a fim de ajudar as mães do Estado que enfrentam dificuldade para amamentar. Além de coletar o leite que provém de doação por lactantes com excedente, oferta-o aos recém-nascidos internados na unidade neonatal da maternidade.

Diariamente são realizadas palestras educativas sobre o assunto e atendimento às mães com complicação. A equipe é composta por enfermeiros, pediatras, técnicos, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, técnicos em laboratório, bioquímicos e biomédicos, que fazem parte da equipe de pasteurização do leite. De acordo com a coordenadora do BLH, Silvia Furlin, o procedimento é necessário para o líquido ser distribuído à UTI neonatal. “É uma segurança e uma qualidade do leite que vai ser ofertado”, relatou.

Atualmente o banco conta com um estoque total de 134 litros de leite, sendo 60 litros pasteurizados, e uma média de 65 lactantes para 45 bebês. Há uma redução no quantitativo durante os meses de julho e dezembro, época em que as doadoras viajam de férias. “Algumas pessoas pensam que o banco de leite é um lugar que prepara leite ou fórmula. Mas somos um banco de leite humano, sempre vamos trabalhar a favor da promoção e da doação desse leite”, frisou a coordenadora.

Para ser doadora, Silvia Furlin ressaltou que a mãe precisa estar amamentando o seu bebê e ter excedente. Após constatado o excesso, ela passa por dois exames: o VDRL (que diagnostica a sífilis) e o HIV. Tendo o resultado negativo, a mãe é convidada a fazer parte do quadro de doadoras. O carro do BLH é próprio e os kits são entregues nas respectivas residências. Cada kit contém máscara, luva, toca e frascos esterilizados. A coordenadora afirmou que as mães também são instruídas em relação à higiene necessária e à forma de extração, para que o leite chegue à maternidade com condições de ser pasteurizado.

A partir do momento que se torna doadora, a lactante passa a ter consulta pediátrica ao bebê diretamente no BLH. Conforme Silvia Furlin, o processo de amamentação não é tão simples quanto pensam. “Tem mãe que chega aqui com o seio machucado, cortado e em carne viva. Aqui ela recebe todo o acompanhamento que precisa a qualquer hora do dia”, disse.

Em casos de dúvidas, atendimento médico ou para extrair leite, a mamãe pode se dirigir ao HMINSN, localizado na rua Presidente Costa e Silva, bairro São Pedro, zona Leste da capital, ou ligar para o número 4009-4939.

SEMANA MUNDIAL – Na Semana Mundial de Aleitamento Materno, o BLH da maternidade está realizando uma programação especial para as lactantes da unidade. A programação discute temas como o desenvolvimento do bebê e direitos e métodos anticoncepcionais para a mulher que amamenta. A programação que iniciou na segunda-feira, 1º, segue até amanhã, 5.

Hoje, a delegada Giuliana Castro ministrará uma palestra sobre os direitos da mulher que amamenta a partir das 10 horas, no Banco de Leite. Amanhã, 5, a ginecologista Cristiane Born fará palestra sobre os métodos anticoncepcionais para as mulheres que amamentam, no mesmo horário e local.

BLH – “O Banco de Leite Humano existe desde 1987, funcionava na UTI, mas não tinha todo o sistema que temos hoje na Rede Brasileira de Banco de Leite. Prestamos informações nessa rede e por meio dela recebemos nossos certificados”, frisou Silvia Furlin. Inverso ao passado, hoje um pedido de leite deve ser feito via prescrição médica, uma vez que é calculado peso, tempo de vida e a quantidade de leite que o neném vai consumir. A receita deve ser devidamente carimbada e ter justificativa do médico que solicita.

PRÊMIO – Em 2015, o Banco de Leite Humano do HMINSN obteve a certificação ‘ouro’ de qualidade internacional da rede Ibero-Americana de Bancos de Leite Humano, reconhecendo as ações de incentivo ao aleitamento materno e na prestação do serviço oferecido, sendo avaliados a nível nacional pelo Ministério da Saúde. “Neste ano, o BLH participa novamente da avaliação”, disse a coordenadora Silvia Furlin. (A.G.G)

Leite materno é importante para imunidade, segundo nutricionista

“O leite materno é importante para o desenvolvimento, ganho de peso, crescimento e, principalmente, imunidade do bebê”, disse a nutricionista do Banco de Leite Humano do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), Márcia Maboni. À Folha, ela disse que os bebês que mamam no peito adoecem menos do que um bebê que mama com fórmula, uma vez que a mãe já tem imunidade pronta e o neném está em fase de construção da sua. “Sem falar na questão da dentição, porque é um exercício para a musculatura da boca dele”, frisou.

Além dos benefícios aos bebês, uma das vantagens às mães é que a amamentação contribui para que o útero, que está dilatado, volte ao tamanho normal, evita hemorragias e intercorrências pós-parto e reduz as chances de câncer de mama, além de auxiliar na perda de peso. “Quando o leite é produzido, suga a energia da mãe, no período que a mãe também não pode fazer dieta. Ajuda também o emocional, porque quando a gente dá peito a um bebe é um vínculo muito forte, é uma troca de amor e carinho, tanto para a mãe quanto ao bebê”, ressaltou.

Márcia Maboni relatou que não há um alimento que possa fazer com que o bebê fique ruim. Contudo, existe uma linha de estudo que diz que a cólica do bebê é o amadurecimento do intestino dele. É necessário lembrar que quando o neném está na barriga, ele se alimenta pelo cordão umbilical, e quando ele nasce o primeiro alimento é o leite materno, sendo também a primeira vez que o trato gastrointestinal dele vai funcionar. “Com o passar dos dias vai amadurecendo o intestino, por isso as cólicas são comuns até os três meses de vida”, disse.

LEITE DE VACA – Segundo Márcia Maboni, os humanos são a única espécie que tomam leite de outros animais, a exemplo do leite de vaca. “O certo seria tomar leite humano o resto da vida, mas não tem como”, ressaltou. Fonte de nutrientes foram procuradas e encontradas em abundância no leite da vaca, quem tem cálcio, proteína e outras vitaminas necessárias.

Apesar disso, a nutricionista afirmou que o problema é que, quando a proteína da vaca entra no organismo, precisa se adaptar para quebrar a proteína, em razão disto existem hoje inúmeros casos de intolerância à lactose e bebês com alergia a proteína do leite de vaca, já que o corpo da pessoa não está aceitando a formulação do leite.

No Banco de Leite, as mães são orientadas de que quando o bebê apresentar cólica de forma exagerada o leite de vaca e seus derivados devem ser retirados da alimentação. “Ele só toma leite do peito, mas a mãe consome e passa um pouco para o leite materno”, relatou a nutricionista.  O neném, então, fica sem a mínima de digerir a proteína que ele não está acostumado.

Foi ressaltado pela nutricionista que durante os seis primeiros meses o bebê só pode ser alimentado com o leite materno. Após o primeiro semestre de vida, o leite pode ser ingerido de forma complementar. “Ele já passa a tomar água, suco natural, come frutas, almoça e janta. O leite pode ser dado, mas sem substituição”, afirmou. (A.G.G)

“Apesar de dolorido, batalhei para amamentar”, disse doadora

Ana Letícia Castro é mãe e doadora cadastrada no Banco de Leite Humano do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) há quatro meses. Em entrevista à Folha, ela relatou que teve todo o acompanhamento necessário do BLH durante a gravidez e que o auxílio do banco e da mãe foram essenciais para que hoje pudesse amamentar e exercer o papel de mãe consciente.

“A emoção foi de medo de dizer que estava grávida para a minha mãe, mas assim que eu consegui revelar para todo mundo eu fiquei tranquila e consegui lembrar a felicidade que eu tava sentindo”, disse ao lembrar do momento em que descobriu que estava grávida. Para a mãe, Ana Paula Castro, o choro foi inevitável. “Filho é para vida toda, então a responsabilidade é a vida toda. Tu não sabes se o que aconteceu contigo vai acontecer com o teu filho. Mas graças a Deus, o pai do neném é muito responsável. Eu também falei que estaria com ela para o que der e vier”, disse.

Ana Letícia relatou que após o parto sentiu dificuldade em exercer a maternidade e resolveu passar um tempo morando com a mãe. “Eu sentia eles pesados, mas não sabia o que significava além de que tinha leite. Cheguei a fazer compressa, mas não passava, então eu decidi ir ao banco de leite”, contou. Após a confirmação dos profissionais de que ela poderia doar, Ana Letícia foi questionada se queria doar só naquele momento ou se queria se cadastrar.    

Conforme relato, toda quinta-feira a equipe passa na residência e entrega o kit. “Acredito que entrego 600 ml toda vez”, afirmou. A facilidade que sinto hoje nem sempre esteve presente. No início da amamentação, o bebê não conseguia pegar corretamente, então a mãe realizava o procedimento de abrir a boca do neném até que ele conseguisse. “Foi a única coisa que eu achei ruim porque era muito dolorido para mim”, frisou.

Desde que começou a amamentar, Ana Letícia disse que a mãe percebia o sofrimento da filha e chegou a sugerir que fosse dado a ele leite composto, mas a filha negou. “Eu batalhei para conseguir dar de mamar a ele diretamente com o meu leite, porque é a saúde dele e é como se fosse a primeira vacina. Em primeiro lugar é a saúde dele”, relatou. (A.G.G)

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