A queda no preço de produtos que vinham sofrendo elevações, como o leite integral, o tomate e o pão, fez com que o valor da cesta básica do boa-vistense em abril se mantivesse estável, com leve aumento de 2,4%, chegando a R$ 384,82, a 13ª entre as capitais com maior custo conjunto de alimentos entre as 27 pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Nos primeiros quatro meses do ano, segundo o Dieese, a cesta acumulou taxa de 5,75% na Capital. O Departamento informou que o trabalhador boa-vistense, que recebe o equivalente a um salário mínimo, cerca de R$ 880,00, comprometeu 47,53% da remuneração líquida, ou seja, após os descontos previdenciários, com a cesta básica em abril. Em março, o percentual exigido era de 46,36%.
Para conseguir comprar uma cesta básica, o boa-vistense que recebe apenas um salário mínimo precisou cumprir, no mês passado, jornada de 96 horas e 12 minutos, maior que as 93 horas e 50 minutos registradas em março.
Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima que mensalmente o valor do salário mínimo atual necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas, em abril, deveria ser de R$ 3.716,77, ou 4 vezes mais do que o mínimo vigente.
Para a técnica do Dieese em Roraima, Adisley Machado, desde que a pesquisa começou a ser divulgada na Capital, em janeiro, o trabalhador vem tendo base para calcular o valor dos produtos que compõem a cesta. “Antes tínhamos a noção de que estava tendo o aumento, mas não tinha a noção em termos percentuais, e agora fazemos esse cálculo e divulgamos mensalmente”, disse.
Ela destacou que a banana foi a principal vilã do mês, com aumento de 22,98%. “A banana teve o maior aumento a nível nacional, há alguns meses vem aumentando e agora teve o maior aumento. O problema é a questão da estiagem. Não tem banana porque não choveu, está vindo de fora e só isso já aumenta o custo do alimento”, explicou.
Com o anúncio do reajuste no preço da carne bovina no Estado, que sofreu queda de -0,28%, em abril, a técnica projetou o cenário da cesta básica para o próximo mês. “Com esse aumento, em relação à carne bovina, poderemos calcular até o dia 30 de maio e divulgar para a cesta básica do próximo mês. O estudo feito em relação ao valor da cesta básica é baseada em 12 itens, tem fatores externos que influenciam, mas essa pesquisa em si se limita aos produtos”, afirmou.
O Departamento pesquisou 87 estabelecimentos comerciais que englobam supermercados, feiras livres, padarias e açougues distribuídos em quase todos os bairros de Boa Vista.
PRODUTOS – Apesar da estabilidade no preço da cesta básica no mês de abril, em comparação ao mês anterior, boa parte dos produtos que compõem a cesta, em Boa Vista, apresentou elevação de preço. Devido à escassez do produto, a banana regional continuou sendo o item da lista que mais sofreu reajuste, com 22,98%.
Os produtos que seguiram em alta foram o açúcar, com 7,72%, o óleo de soja, com elevação de 8,80%, o a farinha de mandioca, que teve alta de 6,25%, e a manteiga, com acréscimo de 3,76%. O café em pó (1,66%), o arroz agulhinha (1,46%), e o feijão carioquinha (0,98%) registram pequenas altas, inferiores à média mensal apurada.
Os principais itens que mostraram percentuais retraídos no preço foram o leite integral, com – 6,11%, o tomate, com -2,81%, o pão francês, que teve queda de –2,11, e a carne bovina, com -0,28.
Na Capital, os 12 produtos que compõem a cesta básica são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Ao contrário de outros estados, a batata não é incluída na cesta do boa-vistense. (L.G.C)