As chuvas rápidas e isoladas que caíram na segunda-feira nas regiões Norte e Centro-Oeste do Estado, atingindo principalmente os municípios de Amajari, Mucajaí, Iracema e Pacaraima, onde correm a maioria dos focos de incêndios, fez com que as queimadas chegassem a zero na visualização dos satélites de monitoramento da Defesa Civil do Estado. O fato ocorreu cinco dias depois que o subcomandante do Corpo de Bombeiros e coordenador da Operação Estiagem em Roraima, coronel Francisco Fidelis, afirmou que foram registrados aproximadamente 4.217 focos de calor.
“Os focos de calor chegaram a zero na manhã desta terça-feira. Isso depois que caíram chuvas isoladas em todas as bases de combate a incêndios que temos no interior do Estado”, afirmou. Antes, no Domingo de Páscoa, os incêndios já haviam diminuído para 1.700. Na segunda-feira foram detectados apenas 75 focos e zerou na terça-feira. “Porém, essa redução de focos de calor pelo satélite pode ser devido ao tempo nublado que dificulta a imagem dos satélites, mas as chuvas reduziram bastante os incêndios e queimadas nas regiões que choveu”, frisou.
Entre as localidades que choveu, o comandante citou os municípios do Amajari, Alto Alegre, Mucajaí e Iracema e Caracaraí (regiões Centro-Oeste e Centro-Sul) e destacou as comunidades de Ametista, Bom Jesus, Campos Novos, Samaúma, Roxinho, Felix Pinto e Apiaú. Ele alerta que, apesar das chuvas que caíram, a situação ainda é considerada crítica no interior do Estado quanto à possibilidade de novos focos de incêndios.
Ele ressaltou que, caso as chuvas não persistam, em três ou quatro dias de sol as queimadas retomam. “Vamos torcer para as chuvas permanecerem, pois, caso contrário, os incêndios voltam em pouco tempo. Por essa razão vamos continuar em campo fazendo as vistorias e alertar para a possibilidade de novos focos de incêndios. Só vamos sair das bases avançadas quando houver rotina de chuvas continuadas”, disse.
Outro ponto destacado pelo comandante é quanto à orientação repassada para os agricultores que, com as chuvas iniciais, pretendam fazer novas queimadas para preparar o solo para o plantio. “As queimadas estão suspensas e os agricultores devem evitá-las. Também evitar danos para outros agricultores que têm produções. Só façam queimadas quando a Femarh [Fundação Estadual de Maio Ambiente e Recursos Hídricos] liberar e autorizar”, disse.
Outros fatores que fazem a Defesa Civil ficar alerta é a possibilidade de focos de incêndios serem ocasionados também por raios, ou mesmo por faíscas de postes da fiação elétrica que venham a cair próximos ao mato seco.
“Mas percebemos é que a maioria dos incêndios é provocada pelos próprios agricultores ao fazerem suas queimadas e perdem o controle da situação, ao deixarem de fazer o aceiro, de pedirem apoio dos colonos vizinhos e chamarem o Corpo de Bombeiros para fazer uma vistoria antes”, disse.
FUMAÇA – O coronel Francisco Fidelis informou que uma equipe está trabalhando desde a semana passada para tentar amenizar a cortina de fumaça que se instalou sobre a cidade de Caracaraí, a Centro-Oeste, e região próxima. “Recebemos muita reclamação de moradores quanto à fumaça que está atingindo a cidade. Nossas equipes específicas vão lá para tentar minimizar a fumaça, como também na Vila Petrolina”, frisou. (R.R)
Previsão indica chuvas rápidas e localizadas nos próximos três dias
O clima mudou em Boa Vista e em parte do Estado, com céu nublado e temperatura mais amena, diminuindo o forte calor dos últimos dias. Em algumas localidades dos municípios do interior chegou a chover, segundo informou o meteorologista da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Ramon Alves.
Porém, ele afirmou que em Boa Vista o tempo permanece nublado e que a previsão é de que haverá chuvas rápidas e localizadas para os próximos três dias. “A previsão é que o tempo vai permanecer nublado, mas não teremos chuvas para Boa Vista e boa parte dos municípios do Norte e Nordeste do Estado”, disse. As chuvas devem atingir os municípios do Cantá (Cento-Leste), Mucajaí (Centro-Oeste), Normandia e Bonfim (ambos a Leste), Uiramutã (Nordeste) e Pacaraima Norte).
Alves explicou que a média de chuvas para este mês de março foi de apenas 10 milímetros, bem abaixo do esperado, que era de 50 milímetros, que já é considerado baixo para o período. Para o próximo mês de abril a previsão é de continuar a chover abaixo do normal, ainda sob a influência do El Niño, que já está enfraquecendo, segundo informou o meteorologista da Femarh.
“Mesmo já enfraquecido, Roraima ainda está sobre forte influência do El Niño e, devido a esse fenômeno, a previsão é de chuvas de normal a abaixo do normal para os próximos meses de abril, maio e junho. Nosso período chuvoso do setor Norte e Nordeste teoricamente inicia em meados de abril em diante, que apresentam, em média, 100 milímetros, quando o normal seria de 130 milímetros”, disse.
O pico das chuvas em Roraima aparece nos meses de maio, junho e julho, quando as precipitações chegam a 300 milímetros. “Como ainda está distante, fica difícil prever se teremos boas precipitações em junho e julho”, destacou.
Nas regiões onde o fogo tem consumido boa parte da vegetação e plantação de agricultores, tendo sido os maiores focos de incêndios detectados nos municípios de Amajari, Mucajaí, Iracema e Pacaraima, Ramon Alves informou que estão acontecendo chuvas rápidas e localizadas.
“São chuvas rápidas que caem, ajudam a pagar o fogo, faz aumentar a umidade do ar para 40% ou 50%. Mas passa um dia ou dois, e se não votar a chover naquele local, a umidade baixa para 10% e aumenta o potencial de material combustível propícios para novas queimadas e incêndios”, destacou. (R.R)