Cinco mulheres da mesma família foram aprovadas no concurso público voltado especificamente para atuar como professores indígenas. As candidatas fizeram preparatório e aulão oferecidos pela Escola do Legislativo (Escolegis) e agora comemoraram a conquista da classificação.
“Antes, ainda não havia ‘caído a ficha’ porque existiam várias fases. Quando vi a homologação, chorei de felicidade”, contou a indígena Juciléia Teixeira, que é uma das sete mulheres da família que atuam no magistério.
Ela conta como foram os dias de preparação. “Assisti a várias aulas virtuais, o que me ajudou bastante com macetes e na redação. Mas no aulão pensei, Senhor, estou aqui porque quero mudar a minha vida, não quero ser apenas seletivada”, detalhou.
Juciléia diz ter sido uma grande alegria para todos, pois dessa vez cinco pessoas da mesma família passaram no concurso. “Sinto-me preparada para assumir o cargo”, afirmou. O ensino diferenciado, explicou, está relacionado à cultura indígena. “A Geografia e a História estarão voltadas para a nossa realidade, são conhecimentos presentes na nossa comunidade que precisam ser repassados para as nossas crianças”, explicou.
Mávera Teixeira também foi aprovada e será professora de História no município de Uiramutã. Ela é sobrinha de Juciléia e ressalta que ser professora indígena concursada tem uma representatividade muito grande para o fortalecimento da luta dos povos.
“Isso representa muito para nós, enquanto mulheres, que fazemos parte da sociedade civil, mas principalmente para a mulher indígena porque muitas sempre vão para cidade para estudar e as dificuldades são enormes”, disse, acrescentando que passar no concurso mostra a força do renascer, de se reconstruir na sociedade. “Muitas de nós estão invisíveis para essa sociedade. As lideranças buscaram o desenvolvimento social do nosso povo, e nós, como fruto dessa vitória, vamos retornar com essa educação específica e diferenciada”, finalizou.
A mais jovem professora da família, Natália Teixeira, que é irmã de Mávera, disse não ter dúvida que a conquista é resultado do trabalho realizado dentro das comunidades indígenas. “Cresci escutando que tinha que estudar para me formar e contribuir com o movimento indígena e a comunidade. Senti-me renovada quando soube do resultado”, relatou.
As alegrias na vida de Natália se intensificaram com a aprovação no concurso do magistério indígena. “Estou muito feliz em voltar para a comunidade como professora. É uma coisa muito diferente. Confesso que estou muito ansiosa e quero dar o meu melhor como professora”, disse emocionada.
A homologação do certame está disponível no endereço eletrônico https://www.imprensaoficial.rr.gov.br/app/_visualizar-doe/.