Cipós e sementes são matéria-prima que dão vida aos trabalhos de artesã

Uma atividade que anda de mãos dadas com o meio ambiente: a produção artesanal. É da natureza que a artesã Valdeíza Perpétuo Matos dos Santos, de 46 anos, tira tudo o que precisa para produzir e vender suas peças artesanais feitas exclusivamente com materiais vegetais.

A autônoma lembrou como começou a modelar suas primeiras peças. “Comecei há duas décadas. O negócio deu certo e até hoje sobrevivo vendendo o que produzo. Consegui criar meus quatro filhos e agora cuido de seis netos, tudo com dinheiro da venda de minhas peças artesanais”, frisou.

Mas as dificuldades foram grandes, e ainda são, segundo Valdeíza. A artesã reclama da falta de apoio, de investimento e de reconhecimento por parte das autoridades públicas e da própria sociedade. “Até hoje não temos apoio de ninguém. Não somos reconhecidos e isso é o que mais dificulta nosso trabalho”, lamentou.

Para incentivar a categoria, ela disse que ministra cursos de artesanato no interior do Estado e em associações de bairro, na Capital. No mês passado, relembra a artesã, moradores do bairro Operário, na zona Oeste, participaram de um curso sobre produção artesanal.

A empreendedora utiliza cipós e sementes para produzir flores, ímãs de geladeira e outros enfeites. Mas ela também trabalha com material reciclável e descartável. “Utilizo garrafas pet, por exemplo, e outros materiais que provavelmente iriam parar na natureza, pois tenho preocupação com a questão ambiental”, ressaltou.

Moradora do bairro Raiar do Sol, na zona Oeste, a artesã produz todo dia porque também vende por encomenda. Costuma reunir amigos em sua casa e expor seus produtos. Por mês, vende até 15 peças com preços que variam de R$ 15,00 a R$ 70,00, mas há arranjos que custam R$ 120,00.

Produção artesanal cresce no Brasil

O artesanato tornou-se um trabalho que gera renda adicional para cerca de 8,5 milhões de brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), movimentando assim mais de R$50 bilhões por ano, crescendo 15% ao ano. Os microempreendedores investem nas técnicas manuais para a confecção de bolsas, quadros, caixas decoradas, dentre outros inúmeros trabalhos.

Artesanato é o próprio trabalho manual, utilizando-se de matéria-prima natural. É tradicionalmente a produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui os meios de produção e trabalha com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento; ou seja, não havendo divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. (AJ)