Após a realização de diversos exames ao longo de um ano para a retirada de uma hérnia, um autônomo de 40 anos, que terá o nome mantido em anonimato, foi informado por funcionários do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (Same) do Hospital Geral de Roraima (HGR), que as cirurgias eletivas estariam canceladas por tempo indeterminado. O motivo seria a greve dos profissionais da enfermagem que chega ao seu sétimo dia nesta quinta-feira (5) e não possui previsão de término.
“Eu entendo o lado dos grevistas da enfermagem, que há anos lutam por seus direitos e não são atendidos. Mas, a população é quem está ‘pagando o pato’. Se o governo estivesse em dia com eles, os procedimentos seguiriam o fluxo normal”, disse.
A triagem das cirurgias eletivas e de emergência é feita pelo corpo clínico da unidade hospitalar, de acordo com Melquisedek Menezes, presidente Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindiprer), que contesta a responsabilidade pelos cancelamentos. “Nós estamos em greve para avisar a população que os hospitais não têm condições mínimas de realizar cirurgias. A culpa de não haver os procedimentos não é dos profissionais e nem da greve de enfermagem, nós paramos para toda população saber que da forma que nós estávamos trabalhando não tinham as mínimas condições”, afirmou.
VISITA – A visita da secretária de saúde Cecilia Lorezom à equipe do centro cirúrgico teria sido marcada por reclamações dos servidores, pela forma como foram tratados. Os servidores alegam que foram ameaçados de dispensa caso não retornassem ao trabalho.
“Ela [Cecília Lorezom] falou que se não quiséssemos realizar as cirurgias, ela iria trocar toda a equipe. Falou que iria encaminhar nossos nomes ao RH [Recursos Humanos] pra sermos substituídos e vir alguém que quisesse o trabalho. Aí a colega questionou e falou de situações que podiam acontecer e, ela respondeu “É, eu não falei que vou fazer, mas eu posso fazer”. Todo o tempo e todo momento com tom ameaçador. Nós somos servidores, não somos bandidos. Estamos aqui ofendidos. Anos de trabalho e somos tratados assim? É absurdo, falta de respeito. Estamos muito abalados mesmo”, disse a servidora emocionada em trecho de vídeo.
Conforme o presidente do Sindiprer, após este episódio os servidores registraram um boletim de ocorrência. “Como que em período de greve a secretaria vem obrigar os trabalhadores que estão lutando por direito e não por privilégio, a fazer algo que colocaria em risco a saúde da população?”, indagou.
OUTRO LADO – A reportagem da Folha solicitou posicionamento da Secretaria de Saúde (Sesau) quanto ao relato dos servidores e os próximos passos da Sesau para a resolução desta greve, além de questionar como será feito o planejamento das cirurgias, já que não há previsão para o término desta greve. Até o fim desta matéria não obtivemos resposta. O espaço permanece aberto.