Cotidiano

Clima seco faz nível do Rio Branco baixar

O volume atual do principal rio do Estado já é considerado menor que no mesmo período do ano passado

As altas temperaturas registradas em Roraima já começam a influenciar no volume de água do principal rio do Estado. De acordo com a última medição realizada pela Agência Nacional de Água (Ana), o nível do Rio Branco baixou para 0,45 metros, o que é considerado nível mínimo de captação. O número chega a ser ainda pior se comparado ao mesmo período do ano passado, que apresentou volume de 0,98 metros.
De acordo com o presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), Danque Esbell, apesar de considerado baixo, a população não corre risco de desabastecimento “Esse número está dentro da média esperada, não compromete o abastecimento, porém, a companhia está montando um plano de contingência para melhorar o abastecimento de água na Capital. Esse plano inclui a construção de uma plataforma flutuante, que já está em curso, mas podemos garantir de antemão que não há nenhuma situação que comprometa o abastecimento em Boa Vista”.
Esbell explicou que as mesmas medidas estão sendo tomadas em relação aos demais municípios do Estado, que atualmente enfrentam problemas de desabastecimento. “Em relação aos municípios do interior, nós já iniciamos as visitas para ver a situação das estações de captação. A governadora Suely Campos determinou que fosse feito todo o levantamento das condições dessas localidades, para que sejam tomadas as devidas providências”, pontuou.
“Nós já visitamos o Sul do Estado. Nessa semana visitamos os municípios de Bonfim, Cantá e Normandia. Constatamos que a situação preocupa um pouco, pois as reservas de água estão realmente um pouco baixas. Já iniciamos algumas ações de emergência, como a limpeza de poços de captação de água que possam contribuir para o abastecimento dessas localidades. Em algumas delas, as bombas estavam inoperantes por conta da falta de conserto. Iniciamos a aquisição de novas e reparação daquelas que ainda possuem condições de funcionar, e o mesmo será realizado nos demais municípios para minimizar ao máximo esses problemas”, complementou.
Outra preocupação da companhia diz respeito ao desperdício. Conforme o relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis) do Ministério das Cidades, Roraima é o segundo Estado com maior índice de desperdício de água no país. Conforme Esbell, ações de conscientização já estão sendo definidas pela companhia. 
“Com isso, nós esperamos também reduzir o número de perdas ocasionadas pelo desperdício. Infelizmente, esse último dado divulgado pela mídia, que classificou o Roraima como um dos estados que mais desperdiçaram água, não é bom para nós. A governadora já nos incumbiu de trabalhar em uma ação educativa visando essa problemática. Ela já está em fase de finalização para que em breve a população possa colaborar com essa questão. A companhia iniciou um plano de aquisição de novos medidores para auxiliar na verificação de consumo de cada residência e, consequentemente, reduzir essas perdas e deixar num patamar aceitável”.   
EL NIÑO – De acordo com o meteorologista Ramon Alves, o motivo para a pouca ocorrência de chuvas é devido à atuação de um fenômeno climático conhecido como El Niño, que é ocasionado pelo aquecimento das águas o Oceano Pacífico.
“Esse é o segundo ano consecutivo que esse fenômeno inibe a formação de chuvas para o Estado. No ano passado, ele começou a atuar no mês de maio. Nesse ano, o ciclo de atuação iniciou no começo desse mês. As águas já estavam aquecidas desde o início do ano passado, essa condição permaneceu inalterável durante todo o período de 2014 e se estendeu para o início desse ano, dificultando assim a vinda de nuvens carregadas para a nossa região”, explicou.
Ainda de acordo com o Alves, o volume normal climatológico de chuvas para os próximos três meses será de 100 milímetros, considerado baixo. “A maior atenção das autoridades é em relação à incidência de queimadas. Tanto que recentemente foi definido, em reunião pelo Comitê de Prevenção e Controle de Queimadas, o calendário de incêndios, justamente para evitar que catástrofes com registrados em anos anteriores ocorram”, disse.
Segundo a previsão da divisão meteorológica do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) e Cptec (Centro de Previsões de Tempo e Estudos Climáticos), o volume de chuvas esperado para os próximos três meses será baixo, então todo o cuidado é pouco, segundo ele. (M.L)