As tentativas para evitar a venda do Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafir) continuam por parte da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima). Sem ter lances nos dois leilões que arremataria o imóvel, ocorridos no começo de dezembro, o órgão deu entrada em uma nova ação no Tribunal de Justiça de Roraima solicitando a suspensão do processo.
O imóvel foi colocado à venda por determinação da Justiça após o não pagamento de uma dívida no valor de R$ 5 milhões junto à antiga Eletrobras Distribuição Roraima, atual Roraima Energia. A dívida estava em aberto desde o ano de 2004 e o juiz da 4ª Vara Cível, Jarbas Lacerda de Miranda, entendeu que a Codesaima “não tomou nenhuma providência para sanar ou sequer reduzir o montante devido”, conforme decisão judicial.
No primeiro leilão, o bem foi ofertado de acordo com o preço avaliado em abril, um total de R$ 22.129.110,40. Por não ter nenhum interessado nessa fase, houve uma segunda tentativa de venda por meio de uma plataforma on-line, com a redução de 50% do valor, resultando em R$ 11.064.55,20, que também não atraiu compradores.
RORAIMA ENERGIA – Logo após o encerramento do segundo leilão, a Roraima Energia foi questionada para saber os próximos passos e se haveria um novo leilão. Na época, respondeu que não havia informações novas a serem repassadas. A equipe de reportagem entrou em contato ontem, 20, com a empresa e quis saber como estava toda a situação e se estava ocorrendo negociações para liquidação da dívida.
Por meio de nota, a companhia informou que “está analisando o caso, até o momento, não temos nenhum fato novo a divulgar”.
CODESAIMA – A Codesaima ressaltou, também por nota, que após a segunda etapa do processo, a empresa leiloeira comunicou o resultado do pregão ao juiz Jarbas Lacerda de Miranda, responsável pelo caso, e aguarda nova decisão.
Sobre a dívida, a Procuradoria da Codesaima informou que fez a solicitação de suspensão do processo para que a Companhia possa negociar diretamente com a Roraima Energia o pagamento da dívida, e aguarda julgamento.
Matadouro realiza abates diariamente
O Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafir) é o único abatedouro público de Roraima e realiza abate de bovinos e suínos. Conforme informou a Codesaima por meio de nota, está se preparando para abater ovinos e caprinos no próximo ano. São 160 funcionários trabalhando na unidade atualmente e 19 currais para os animais.
A empresa garantiu que o matadouro está preparado para abater animais diariamente. “No mês de novembro, 471 bovinos e 35 suínos foram abatidos. Em dezembro, 721 bovinos e 94 suínos foram abatidos até ontem, dia 20. A média de animais abatidos varia, pois depende da demanda gerada pelos pecuaristas. Neste mês apenas dois dias não houve abates por falta de animais”, destacou a nota.
Dentre a produção de carne, a Codesaima afirmou também que comercializa 21 itens classificados como subprodutos, que são partes dos animais que ficam para a empresa como pagamento dos abates, pois não é cobrada nenhuma taxa para abate ou resfriamento.
Os subprodutos são feitos no Mafir, destacam-se a produção de couro, carne morta, panelada, carne de cabeça, entre outros. O Matadouro produz também farinha de carne e de osso, utilizada como ração para animais não ruminantes.
Sintraima calcula “perda social” com a venda de matadouro
Representante dos servidores da Codesaima, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima), Francisco Figueira, entende que a venda do Mafir representaria uma perda para a sociedade roraimense. Segundo ele, sem o matadouro público, o preço da carne seria encarecido porque iria concentrar a demanda em um único abatedouro no Estado.
“O Mafir tem o SIF [Serviço de Inspeção Federal], então ele equilibra o preço da carne e dos pequenos animais também. Isso seria um prejuízo para a sociedade e servidores que dependem diretamente desse emprego, além das pessoas secundárias, que vendem churrasquinhos, paneladas… tudo vem do Mafir”, justificou.
Figueira destacou que os produtores rurais não são cobrados pelo abate e que o fazem no matadouro e o pagamento é mediante o couro e vísceras do animal que são deixados no local. O sindicalista pontuou que há coisas no imóvel que podem ser melhoradas, mas que o investimento no local é pouco para o grande lucro que traria.
O Sintraima está também tomando ações junto à Codesaima para solicitar a suspensão da venda do matadouro e que encontre meios de renegociar a dívida com a Roraima Energia. “É de suma importância social e também para nossos funcionários efetivos que lá se encontram. Existem outros bens da própria Codesaima que podem ser leiloados para deixar o Mafir de fora porque é o que gera renda dentro da instituição, ele não pode ser leiloado por um preço irrisório”, encerrou. (A.P.L)