Cotidiano

Coletivo de mulheres prepara eventos para o 8 de Março

Caso esteja na dúvida entre flores e o debate sobre igualdade de gêneros, a opção mais agradável para celebrar o Dia Internacional da Mulher é a conversa sobre os direitos constitucionais e limitações de participação na sociedade vivenciada por elas diariamente. Esse é um dos pontos defendidos pelo Núcleo de Mulheres de Roraima (Numur) na preparação para o dia 8 de Março.

Em uma série de ações para a comemoração da data, está o fortalecimento de parcerias institucionais para a produção de cartazes, camisetas e até mesmo rodas de conversa que resultam em uma luta conjunta para a diminuição dos casos de violência contra a mulher. Há quase 13 anos em vigência, a Lei Maria da Penha (nº 11.340/06) possibilitou a quebra do silêncio das vítimas e a atuação do Estado no ambiente privado.

Desde então, os dados sobre crimes cometidos contra mulheres chamam atenção e apontam para a necessidade de mudanças estruturais para a implantação de políticas públicas que visam à segurança feminina. O grupo roraimense, que atuou na criação do texto da lei, contesta os dados de segurança pública registrados pela Polícia Civil e afirma que os índices de violência no Estado são alarmantes.

Conforme apontou Antônia Pedroso, representante do Numur, o cenário pode se tornar ainda mais preocupante com a flexibilização da posse de arma de fogo, assinada em decreto pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em janeiro deste ano. De acordo com o Instituto Sou da Paz, os crimes de feminicídio podem aumentar 500% com uma arma dentro de casa.

Em razão disso, a marcha das mulheres a ser realizada no dia 8 recebeu o nome de “Pela Vida das Mulheres: Armas Não”. “O Brasil é o quinto país no mundo em números de violência contra as mulheres e metade desses casos, de morte de mulheres, é cometida por arma de fogo, o que nos levou a ter essa preocupação”, relatou.

Antônia destacou que dados do Instituto Maria da Penha demonstraram que a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil. Já o Fórum de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluíram que Roraima é um dos três Estados que teve aumento nos crimes conta a mulher, representando um crescimento de 55% em 2018.

“As instituições daqui dizem que não tem [casos de violência], mas os dados nacionais começam a falar o contrário. Sabemos que nem metade desses casos chega às autoridades porque muitas sofrem e nem sempre denunciam. Para quem mora na capital, já tem uma dificuldade, são vários obstáculos e não levam em consideração as que moram na zona rural”, prosseguiu.

Liberdade feminina ainda incomoda, relata militante

Uma base educacional com debate do respeito entre os gêneros seria um dos meios de diminuir os dados e viabilizar a mudança social que ainda coloca a mulher em papel de submissão. Com essa questão, a militante justifica que a liberdade da mulher não será mais atacada e os atos de violência diários, podem, um dia, cessar.

“Quando vemos muitas mulheres que são assassinadas, não queremos saber os motivos. Mas acaba que a mulher é subjugada novamente pela sociedade quando na verdade o assassino tem que ser questionado. Essas mulheres têm uma morte física e uma segunda morte, que é a moral, porque mesmo mortas, são julgadas e condenadas”, criticou. (A.P.L)