A maioria dos moradores dos 12 blocos do Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, zona oeste da Capital, podem ter o fornecimento de energia cortado devido à falta de pagamento da energia do condomínio junto à Roraima Energia. A denúncia foi feita para a Folha por um morador que não quis se identificar com receio de sofrer represália. Ele informou que o conjunto tem hoje 12 blocos e cada um deve em média de 100 a 300 mil reais.
“Ocorre que a situação dos moradores não é de quem mora em prédio ou condomínio e sim de pessoas humildes, que mal têm o que comer. Assim, não existe condomínios organizados na forma da lei, com regras, síndicos, etc, só existe a dívida dos prédios. Muitos dos “síndicos” são moradores e algumas lideranças comunitárias que fazem rolos com os políticos. A nossa situação é seria, pois essa dívida é proveniente de iluminação pública de áreas comuns e nem governo e nem a codesaima, ninguém nunca se preocupou com isso, não organizou os condomínios, não treinou os moradores e agora a confusão está grande”.
A dívida, segundo a empresa Roraima Energia, chega a R$ 3 milhões.
A empresa informou que 66% dos 3.992 imóveis do residencial estão inadimplentes. Ou seja, 2.634 unidades consumidoras somadas apresentam uma dívida de R$ 3 milhões, sendo que 1.358 unidades já estão na condição de suspensão imediata do fornecimento, o que representa R$ 1,3 milhão de dívidas.
A empresa afirmou que já foi enviado reaviso de vencimento da conta, além de cobrança por SMS, negativação e protesto de títulos em cartório. “Nos próximos dias, medidas mais enérgicas serão tomadas com a suspensão do fornecimento”, afirmou.
Para negociar os débitos, a Roraima Energia disse que o cliente deve se antecipar para evitar a suspensão do fornecimento pagando a conta em dia. Caso não consiga, pode entrar em contato com o 0800 7019120 e negociar os seus débitos.
Moradores reclamam de cobranças de síndicos
Um morador do prédio, que conversou com a reportagem da Folha, denunciou que o síndico de um dos blocos estaria cobrando uma taxa a mais para o pagamento da iluminação pública, relativo às lâmpadas que ficam por fora dos prédios e que ajudam a iluminar as ruas.
“Ele começou cobrando sete reais, depois passou para 15 e agora veio cobrar 25 reais, dizendo que era para pagar uma dívida antiga com o pagamento de iluminação pública”, disse o morador que pediu para não ser identificado. “Não temos como pagar esse valor e mais além da nossa conta de luz e outras prestações que já pagamos. Tá todo mundo revoltado”, afirmou.
O morador também questionou que as contas de água também estavam atrasadas e que o síndico não repassava o pagamento.
Em busca de confirmar a informação fornecida pelo morador, a Folha falou com um dos síndicos do Vila Jardim que confirmou a dívida da taxa de iluminação.
Ele não quis dar entrevista por telefone e, a seu pedido, disse que viria à Folha para mostrar as contas, inclusive da água. Ele não apareceu e nem atendeu as ligações.
Os problemas entre moradores e síndicos não é de agora. Uma taxa de R$ 54,43, cobrada como condomínio, foi criticada pelos moradores no ano passado. Segundo outro morador, além do valor ser elevado para o padrão de vida dos mutuários do local, o valor não teria nenhuma comprovação material que justifique a sua implantação.
A empresa que administra o condomínio teria justificado o valor para a realização de serviços de manutenção em todo o residencial, como limpeza de lixeiras, manutenção de churrasqueiras e áreas afins, no valor de R$ 1.,4mil, e manutenção elétrica, hidráulica e pintura orçada em R$ 550.
Empresas não informam sobre outras dívidas
A Folha buscou conversar com entidades envolvidas diretamente com a logística do Residencial Vila Jardim, entres eles a Codesaima e a Caer, para saber sobre dívidas e competência de cada um em relação ao Vila Jardim.
A assessoria de imprensa da Codesaima informou, em nota, que os moradores do Vila Jardim não pagam nenhuma taxa ou prestação à Codesaima. “Taxas de condomínio, prestação dos apartamentos e outras taxas que houver são pagas para a Caixa Econômica. A Codesaima fez um trabalho de orientação e levantamento de problemas e da ocupação do conjunto em razão da parceria com a Caixa”.
A assessoria da Caixa informou que a solicitação feita pela Folha, sobre a inadimplência do Vila Jardim, está em análise na área. “Tão logo tenhamos um posicionamento, enviaremos”.
A Caer informou em nota que, conforme preconiza a legislação, o devedor não pode ser exposto à situação vexatória, de maneira que os usuários inadimplentes junto à empresa não podem ter seus nomes divulgados.
“Ou seja, não é possível a divulgação ou montante da dívida de nenhum usuário da Companhia. Outrossim, a informação sobre débito deve ser repassada apenas e diretamente ao usuário dos serviços”, explica a nota.