Há um ano em vigor, a Resolução n.º 691, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna obrigatório o exame toxicológico de larga janela, em período de três meses, de detecção para os condutores das Categorias C, D e E, da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), para motoristas de caminhões, ônibus e carretas é avaliada positivamente. Tudo por conta da redução de acidentes de trânsito, segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran-RR).
“O exame detecta, em uma vigência de três meses, se aquela pessoa utilizou substâncias consideradas ilícitas pela lei. O uso de substâncias ilícitas representa um risco somente para quem está utilizando. Agora, quando se é utilizada no volante, outras pessoas correm riscos, muito mais graves. Percebemos que o número de acidentes, principalmente em BRs, diminuiu por causa disso. Não há como falar de números precisos, mas é possível sentir eles”, afirmou o diretor-presidente do Detran, Titonho Beserra.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), um total de 10.717 pessoas que sofreram acidentes de trânsito em 2017 foram atendidas. Em 2018, esse está em torno de 9.600 e demonstra uma tendência de que haja, de fato, uma leve diminuição no atendimento a acidentados.
Beserra também explicou que a obrigatoriedade do exame faz um bem não apenas para outros motoristas, mas também para o próprio funcionário que está conduzindo veículos C, D e E, pois o jejum de três meses serve como um estímulo para que o condutor se preocupe com a própria saúde e arranje outras formas de se adaptar a sua rotina, menos prejudiciais.
“O caminhoneiro vive um trabalho que chega a ser escravo em alguns momentos, pois existe uma cobrança de disposição muito grande quanto à eficiência de entrega de produtos. Isso faz com que ele precise ficar horas e horas acordado e disposto. Por isso, ele acaba aderindo tanto a energéticos, café, remédios e, claro, os psicoativos ilícitos. Não é por diversão, mas sim as condições de trabalho que obriga o caminhoneiro a isso. Na minha visão, os exames toxicológicos vêm contribuindo muito para a diminuição de acidentes. Não somente em Roraima, mas no país inteiro. O caminhoneiro percebe que precisa estar saudável para seu serviço, e o exame obrigatório deixa isso claro”, comentou.
Em Roraima, existem 11 clínicas credenciadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para realizar exames toxicológicos, que encaminham diagnósticos para o Detran-RR. A média de preço para cada exame, que deve ser arcado pelo trabalhador, é de R$ 250,00. O teste utiliza avançada tecnologia capaz de detectar o contato do condutor com substâncias psicoativas, através da análise de cabelo, pelo ou unha.
O exame precisa ser feito uma vez a cada dois anos e meio e, caso dê como positivo o uso de tóxicos, a renovação da CNH é cancelada até que o motorista consiga estar de jejum e tenha condições de pagar novamente pelo processo. “Essa é uma coisa nova ainda para nós. Estivemos e ainda estamos em processo de adaptação para que essa exigência de saúde dos trabalhadores seja mais eficiente e disponha de melhores tecnologias. Costumo dizer que se há um acidente, ainda temos um problema. Então sempre estamos evoluindo, para que um acidente de cada vez seja evitado”, concluiu. (P.B)