Dar esmola a quem quer que seja não é uma forma de ajudar, pelo contrário, isso só faz aumentar o número de pedintes na cidade. Por isso o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Doriedson Ribeiro, coordenador do Centro de Referência do Imigrante, pede à população que não dê esmola a ninguém, nem para os venezuelanos.
“Eles alegavam que pediam esmola porque não tinham o que comer. Então o governo criou o Centro justamente para tirá-los desta vulnerabilidade social. Aqui tem almoço e janta para os imigrantes, não apenas venezuelanos, mas cubanos e haitianos, além de brasileiros. O atendimento aqui é para todos os mendigos, moradores de rua”, frisou o coordenador.
Para Doriedson Ribeiro, o ato de dar esmola acaba fomentando a miséria, podendo levar até ao aliciamento de pessoas, o que é crime no Brasil. “Observem que há dois anos não tínhamos pedintes em sinais movimentados da cidade, mas agora esta mazela social é vista em cada esquina. Se a população continuar dando dinheiro, isso pode fazer aumentar o número de pedintes na Capital. Portanto, não dê dinheiro!”, reforçou.
Outro problema pode acontecer. Como os venezuelanos conseguem arrecadar certa quantia pedindo esmola, isso pode influenciar o boa-vistense à mesma prática. Já há registro de cidadãos roraimenses também pedindo esmolas nas esquinas movimentadas da cidade. “É por isso que peço a vocês, boa-vistenses: Não deem esmola! Você só estará piorando a situação”, alertou o coordenador.
O Centro funciona de manhã até a noite na avenida Sumuru, no bairro São Vicente, zona Sul. Lá, os mendigos, estrangeiros e brasileiros, almoçam, jantam e recebem atendimento médico e odontológico. Contudo, o coordenador deixou claro que o local não é um abrigo. “O Centro é para evitar que essas pessoas peçam esmola”.
Para que seja instituído um abrigo, Doriedson Ribeiro explicou que seria preciso uma contrapartida dos órgãos federais, o que até hoje não aconteceu. Nos dois primeiros dias no Centro, mais de 680 pessoas foram atendidas, entre elas venezuelanos, haitianos, cubanos e brasileiros.
Os estrangeiros agradeceram a ajuda humanitária do governo, mas disseram que ainda estão vivendo uma situação difícil, principalmente quando anoitece. “Não podemos dormir no Centro. Então temos que procurar algum abrigo seguro. Eu durmo, por exemplo, na rodoviária, mas muitos dormem em bancos na rua e em praças. É perigoso”, observou o venezuelano Juan Carlos.
Para fazer doações ao Centro, os interessados devem procurar antes a coordenação para pegar orientações de como fazer a doação, que pode ser de alimentos e material de higiene, além de copos e pratos descartáveis. “É importante que as ações humanitárias para os estrangeiros ocorram todas aqui. Assim podemos trazer este público para um único local. E vou finalizar fazendo novamente o pedido: Não dê esmola!”, finalizou. (AJ)