Cotidiano

Comerciantes viram alvos de assaltos e saída é vender por trás das grades

Alguns já foram assaltados mais de seis vezes este ano, por isso o jeito foi se trancar no próprio estabelecimento

Passava das 11h quando a comerciante, idosa, foi rendida por três bandidos, entre eles uma mulher. A investida ocorreu em um mercantil no bairro Buritis, zona Oeste da Capital. Um dos assaltantes já chegou colocando uma escopeta na cabeça da vítima, ameaçando-a de morte, enquanto os outros rendiam um genro da idosa e pegavam objetos de valor. A idosa disse ontem que foi o sexto assalto que ela sofreu.

Os bandidos saíram correndo e pegaram um táxi-lotação que já os aguardavam noutra rua. As vítimas disseram que reconhecem os bandidos, que agiram de “cara limpa”, mas uma semana depois do crime, ninguém foi preso. “Continuo com meu mercantil, mas não sei até quando”, ressaltou.

No bairro Cidade Satélite, ainda na zona Oeste, outro comerciante, um farmacêutico, passou momentos de pânico na mira de um revólver. Após ser assaltado por oito vezes, decidiu fechar o estabelecimento. “Não dava mais. Tinha que pagar um funcionário, mas o apurado era só para o ladrão”, recordou a vítima, que agora trabalha no serviço público.

No bairro Santa Luzia, zona Oeste, após ficar refém de bandidos, o dono de uma panificadora também decidiu fechar as portas. Foi assaltado seis vezes em menos de um ano. No último roubo, em junho passado, ele presenciou um funcionário ser agredido a coronhadas, mas não pôde fazer nada.

NA GRADE – Para escapar da ação dos assaltantes, os comerciantes da Capital colocam grades no estabelecimento. Os clientes ficam ao lado de fora. “Eles pedem o que querem, pagam e aí a gente vai lá, pega o produto e entrega pela grade. Não abrimos mais por causa dos assaltos”, frisou um comerciante, que também preferiu não se identificar.

O dono de um comércio no bairro Raiar do Sol, zona Oeste, também já foi assaltado inúmeras vezes. Ele coloca a culpa nas autoridades públicas. “O vagabundo veio aqui, me agrediu, me roubou e foi preso em flagrante na mesma noite, mas no dia seguinte, ele foi solto após audiência de custódia na Justiça. E olha só: o bandido voltou e me assaltou de novo”, relembrou o comerciante, indignado. (AJ)