O Comitê Estadual de Queimadas se reuniu na manhã de ontem, 3, no auditório do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRR), no bairro Pricumã, na zona Oeste, para discutir as diretrizes e traçar metas para o período de estiagem em Roraima, que deve começar a se agravar em janeiro do próximo ano.
“Nesse primeiro momento, serão avaliados os diagnósticos apurados pelas instituições para que, em seguida, possamos definir as diretrizes”, explicou o coordenador do Comitê e presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Rogério Martins.
Segundo ele, o calendário de queimadas tem sido deturpado nos últimos anos. “No 2º semestre do ano passado houve uma quantidade muito pequena de autorizações para queimadas: 7 para Caracaraí, 2 para Caroebe e apenas 1 para Rorainópolis, Iracema, Mucajaí e Boa Vista. Mas a maioria desses municípios sofreu com o alto índice de incêndios”, comentou.
Na ocasião, foi discutida a implantação de uma fiscalização mais rigorosa. “O calendário foi uma estratégia para levar a equipe da Femarh até o produtor, facilitando a licença para a realização de queimada. Mas os dados mostram que isso não está funcionando”, frisou o presidente. O calendário de queimadas para os próximos meses ainda será definido pelo Comitê.
O fato é que a estratégia de levar o serviço até os agricultores não está funcionando. “A gente faz todo um trabalho de ir até o interior, passar uma semana divulgando e fazendo o nosso trabalho, mas não há êxito.
Mesmo sem autorização, as pessoas continuam queimando. Então, precisamos buscar soluções para que este problema não continue acontecendo. A ideia é acabar com os incêndios realizados de forma criminosa”.
ESTIAGEM – O meteorologista da Femarh, Ramon Alves, disse que em relação à estiagem a situação é melhor do que a do ano passado. “A previsão é que não sofreremos influência do fenômeno El Niño, como nos últimos anos, mas isso não quer dizer que não teremos um período seco rigoroso”, alertou.
De acordo com ele, a previsão para os próximos três meses é de precipitações abaixo dos 100 mm. “As chuvas vão provavelmente amenizar a questão das queimadas. Mas a baixa precipitação vai nos trazer um pouco de dificuldade em relação ao abastecimento de água”, disse.
O superintendente do Ibama, Emídio Santiago, que também participou da reunião, afirmou que cinco equipes já estão sendo treinadas para o combate a incêndios. “São 90 homens prontos para trabalhar frente às queimadas em comunidades indígenas, principalmente nas regiões do Cantá, Pontão, Uiramutã, Pacaraima e Amajari”, informou.
COMITÊ – O Comitê é formado pelo Corpo de Bombeiros, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Ministério Público Estadual (MPE), Polícia Militar de Roraima, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), secretarias municipais de meio ambiente, Defesa Civil Estadual e Municipal, e outros órgãos ligados ao meio ambiente. (B.B)
Mais de um milhão de autuações foram realizadas entre 2015 e 2016
O produtor que fizer queimada sem a autorização da Fundação está sujeito à multa de, no mínimo, R$ 1 mil, se for dentro da área útil. Caso seja em área de reserva legal ou Área de Preservação Permanente (APP), como matas ciliares, encostas de morros ou serras, a multa pode chegar a R$ 5 mil por hectare.
“Do ano passado para 2016 houve muitas autuações, mais de um milhão de multas foram aplicadas em relação a crimes ambientais por queimadas, inclusive com interdições de propriedades”, informou o presidente da Femarh, Rogério Martins.
Segundo ele, o problema acontece porque os produtores rurais continuam realizando queimadas sem autorização. “Infelizmente não existem muitos produtores que pensam na preservação do meio ambiente. Por isso, esse é um dos pontos que temos que trabalhar. É uma questão de conscientização dos agricultores”, concluiu.
O comandante do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, coronel Edvaldo Amaral, enfatizou que, do ano passado para este ano, muitos municípios decretaram situação de emergência por conta dos incêndios florestais e também em razão da forte estiagem da época. “Os incêndios começam a ter mais intensidade em janeiro e fevereiro. Então, além da fiscalização rigorosa, é preciso realizar um trabalho de conscientização para mostrar aos agricultores que o fogo destrói a natureza e o meio ambiente, trazendo grandes prejuízos para todos nós”, frisou. (B.B)