A violência contra a mulher não acontece somente quando há agressão física. Alguns comportamentos antecedem esse fato e podem levar a um ciclo de violências que vai aumentando gradativamente. O CHAME (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) orienta que a principal dica é observar comportamentos que merecem uma atenção extra.
Não há um perfil pré-estabelecido que defina os agressores, no entanto, os sinais devem ser observados desde o início do relacionamento. “Não permitir que a parceira trabalhe, escolher as roupas dela, quebrar o celular, implicar com corte de cabelo ou maquiagem, monitorar mensagens no celular e redes sociais, chantagear, xingar, humilhar na frente de outras pessoas, são alguns fatos que podem levar a uma tensão maior, e chegar a agressão física”, enfatiza Elizabete Brito, coordenadora do CHAME.
No entanto, é importante analisar o contexto, pois nem toda observação partindo de um homem caracteriza violência. Um exemplo bem comum em relacionamentos é o parceiro dizer “você está gorda”. Dependendo da forma e do momento em que é dito, pode ser somente um alerta. Porém, se este comentário for algo contínuo, sempre com o intuito de diminuir a autoestima da parceira, pode ser considerado um tipo de violência.
A informação é uma das melhores maneiras para identificar um possível agressor e detectar a violência no relacionamento. Segundo a Lei Maria da Penha, os tipos de violência contra as mulheres variam entre física, psicológica, moral, patrimonial e sexual, e para identificar é preciso conhecer e entender que o que parece ser apenas um ciúme, pode ser classificado como uma violência psicológica, por exemplo.
Ciclo da violência
O ciclo da violência passa por três fases: inicia com a tensão do agressor, que é marcada por irritação por coisas simples, acessos de raiva, momento em que ele começa a humilhar e fazer ameaças. Na segunda fase, o agressor perde totalmente o controle e comete violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Já a terceira fase, a chamada “lua de mel”, é quando ocorre o suposto arrependimento do agressor e o tratamento carinhoso com a vítima, deixando-a confusa para aceitar a reconciliação com a promessa de mudança.
Segundo Elizabete, há muitos sinais que precisam ser observados. “Ele discute, pede desculpa. Na outra semana discute, bate e no outro dia pede perdão, é o que chamamos de ‘lua de mel’, pois se torna uma situação repetitiva. A vítima, muitas vezes, continua no relacionamento porque acredita que o parceiro irá mudar, mas isso é o ciclo da violência”.
O trabalho de combate e prevenção à violência contra a mulher vem sendo realizado pelo CHAME, e já atendeu 10 mil pessoas tanto na capital quanto no interior do Estado. Por meio de palestras, campanhas, panfletagens e minicursos, o programa leva conhecimento a respeito da Lei Maria da Penha e os tipos de violência que devem ser observados e evitados.
Para ajudar as mulheres vítimas de violência, o CHAME conta com uma equipe multidisciplinar com psicólogas, assistentes sociais e advogadas. O órgão está localizado na rua Coronel Pinto, nº 524, Centro. O ZapChame também é uma ferramenta de combate à violência. As vítimas podem entrar em contato pelo número 98402-0502 e encontrar ajuda.