Cotidiano

Compradores trocam Venezuela pela Guiana

A situação caótica na Venezuela, com o desabastecimento de produtos em Santa Elena, fez os roraimenses migrarem para a Guiana

A grave crise econômica enfrentada pela Venezuela, nos últimos meses, tem feito com que produtos básicos, como os alimentícios, os de limpeza e higiene, sumissem das prateleiras dos supermercados em Santa Elena de Uairén, na fronteira com Pacaraima, Norte do Estado. A escassez no país vizinho fez com que os roraimenses que costumam fazer compras longe do mercado local migrassem, em números expressivos, para o comércio de Lethem, na Guiana, que faz fronteira com o Município de Bonfim, Leste do Estado.
A falta de opção afetou também, de forma direta, comerciantes que insistem em vender, de forma ilegal, produtos contrabandeados oriundos dos dois países, no Centro Comercial do Caxambu, no Centro, e na Feira do Produtor, no bairro São Vicente, zona Sul. Mesmo com as constantes apreensões de órgãos de fiscalização, os ambulantes insistem em expor os produtos à venda. “Na última vez que apreenderam minha mercadoria, tive um prejuízo de quase R$ 4 mil. Tenho medo de perder de novo, mas preciso trabalhar porque tenho que sustentar minha família”, relatou a autônoma, Marieta Brum.
A vendedora alegou que não sabe como os contrabandistas conseguem furar a fiscalização nas fronteiras, mas disse que consegue obter um bom lucro com os produtos vendidos. “Eles vendem para nós bem abaixo do preço. Não sei como conseguem trazer para cá, mas consigo ter uma boa renda”, afirmou.
A dona de casa Jandira Cruz disse que parou de ir para a Venezuela, com medo de sofrer represálias com as constantes manifestações no país. “Eu ia muito para Santa Elena, mas hoje não vou mais. Acho importante termos a opção da Guiana, que sempre oferece bons produtos”, comentou.
COMÉRCIO LOCAL – Apesar da forte concorrência, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Roraima (Acir), Jadir Correia, comentou que a migração e comercialização de consumidores e ambulantes com os produtos da Guiana, não impactam no mercado local. “Não interfere na nossa economia. A gente sabe que existem os contrabandistas e sempre soubemos lidar com isso. Na verdade, a escassez de produtos da Venezuela impulsionou as nossas vendas”, frisou.
Ele citou ainda, pontos importantes em relação ao assunto. “O que posso dizer, é que a população ia até esses países em busca de boa oferta de produtos com preços baixos, mas não encontram mais na Venezuela, onde tinha essa maior oferta, e a Guiana continuou a oferecer os mesmos produtos de sempre”, explicou.
FISCALIZAÇÃO- O delegado da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, condenou a prática de contrabandistas que fazem a exportação ilegal de produtos guianenses e informou que a fiscalização na fronteira tem sido intensificada. “Na verdade, não está entrando nenhum desses produtos, de forma legal, pela fronteira. Nossa fiscalização é permanente, tem o acompanhamento dos fiscais e, no momento oportuno, fazemos a apreensão dos produtos ilegais”, frisou.
“O micro comerciante que faz a venda irregular, está sujeito a responder por isso. É proibido fazer esse tipo de comercialização, não existe legalidade no contrabando”, complementou o delegado. (L.G.C)