Dados oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam crescimento de 13,5% da área plantada para a safra 2018/2019 em Roraima, em relação ao que foi utilizado para produção do agronegócio e agricultura familiar na safra 2017/2018. A pesquisa consta no site da Conab e aponta ainda a produtividade e a produção.
Em 2017/2018, o Estado teve 67,3 mil hectares plantados e a estimativa para essa safra, que ainda não começou, é de 76,4 mil hectares, o que, se consolidar a estimativa, terá aumento de 13,5% de área plantada.
Entre as principais culturas apontadas pela Conab, estão soja, milho, arroz e algodão.
No quesito produtividade (que representa quilos por hectares), Roraima não apresentou crescimento entre as pesquisas das duas safras. Em 2017/2018, a produtividade foi de 3.941 quilos por hectare. Na safra 2018/2019, foi de apenas 3.775, embora a safra 2019 ainda não tenha começado e por essa razão a produtividade apareça com 4,2% negativos.
Quanto à produção, apresentou aumento de 8,7% em relação às duas safras. Em 2017/2018, foi de 265,2 mil toneladas, e em 2018/2019, de 288,4 mil toneladas, deixando um saldo de 8,7% de aumento.
A Folha conversou com o gerente de Levantamento e Avaliação de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos, que informou que para chegar a estes números foram feitas pesquisas com fontes, cooperativas, empresas de assistência técnica e vendedores de insumos e sementes.
“Depois de conversar com estas pessoas, pegamos imagens de satélite para consolidar os números”, disse. “Já para a produtividade, temos alguns estudos que levam em consideração o índice de vegetação e a série histórica e fazemos um estudo estatístico em cima disso, além do acompanhamento durante a safra e o desenvolver da cultura”, explicou. “Quando fazemos esse levantamento de área plantada, não temos distinção de agricultura empresarial ou de agricultura familiar, tudo é área plantada.”
Outro ponto destacado pelo gerente da Conab foi em relação às especificidades das condições climáticas no Estado.
“Roraima tem uma dinâmica diferente do restante do País em relação à plantação de soja e milho. Por uma condição climática, o Estado apresenta a safra no mesmo calendário dos Estados Unidos e isso é muito positivo”, disse.
Quanto à safra deste ano, a estimativa da Conab é de um plantio de 48 mil hectares de soja, divergindo do que disse à Folha o vice-presidente da Cooperativa Grão-Norte, Afrânio Weber, que estima até uma queda na área plantada de 40 mil para 38 mil hectares.
“A soja tem a maior área plantada em Roraima e quando falamos estes números nos referimos à metodologia. Tem que saber como ele (Afrânio Weber) colheu estes dados. Mas essa diferença existe entre os órgãos, pois usamos metodologia para chegar a estes números”, justificou.
A Folha também buscou informações de dados estatísticos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), porém o escritório local só apresentou informações preliminares do Censo Agropecuário de 2017. Os números ainda não estavam consolidados.
Já o governo do Estado foi procurado para dar informações de perspectiva de área plantada e de produção para este ano e sobre os projetos que está desenvolvendo para o crescimento do agronegócio e para a agricultura familiar, mas não houve resposta.
Algodão apresenta crescimento em área plantada e arroz perde espaço
Algodão apresenta o maior percentual de área plantada e de produção em relação ao ano anterior (Foto: Arquivo Folha)
Entre as culturas que apresentam maior crescimento em Roraima para esta próxima safra, segundo pesquisa da Conab, o algodão apresenta o maior percentual de área plantada e de produção em relação ao ano anterior. Em 2017/2018, foram 4,8 mil hectares de área plantada e para este ano a estimativa é de 6 mil hectares plantados, apresentando aumento de 25%.
Por outro lado, a área de plantação de arroz no Estado está diminuindo. Por muitos anos, o grão foi a principal produção de Roraima. Segundo a pesquisa, em 2017/2018 foram plantados 12,3 mil hectares e em 2018/2019 apenas 10,4 mil hectares, sendo a única cultura que diminuiu de produção no Estado.
“No Brasil, a produção de arroz vem caindo gradativamente, principalmente em áreas de cerqueiro e também de várzea, como é o caso de Roraima, além da competição de área com a soja que é mais rentável e agora também com o algodão que vem crescendo em áreas de irrigação.”
Plantio de soja deve diminuir no Estado
O vice-presidente da Cooperativa Grão-Norte, Afrânio Weber, informou que a perspectiva para este ano é de pelo menos manter a área plantada de soja com 40 mil hectares de 2018, mas não descartou a possibilidade de diminuí-la para 38 mil. Por outro lado, anunciou o aumento na plantação de milho de seis para dez hectares este ano.
“Em 2017, tivemos cerca de 30 mil hectares de soja plantados no Estado. Em 2018, chegamos a 40 mil e a perspectiva para este ano é de pelo menos manter essa margem ou até diminuir a área de soja e aumentar a área de plantação de milho”, informou.
Ele explica que essa mudança é devido à rotação de cultura, com a intenção de evitar doenças e pragas e até pelo preço do milho que teve uma elevação no mercado.
“Estes dois acontecimentos fizeram com que alguns produtores migrassem com algumas áreas para a cultura do milho nesta próxima safra. Embora o preço da soja esteja bom, poderia estar um pouco melhor e isso também pesou na decisão”, avaliou.
Ele destacou que a produção de soja no Estado é de aproximadamente 47 sacas de 60 quilos por hectare. Já o milho, a produção chega a 90 sacas de 60 quilos por hectare.
Uma pequena parte da produção de soja é destinada à indústria de ração no Estado e a maior parte para exportação, pelo Grupo Maggi, com destino final sendo a Holanda e a Rússia. Já o milho é consumido em grande parte no mercado de Roraima, também vendido para o Amazonas e exportado para Guiana. (R.R)