Cerca de 1.350 cabeças de gado foram vacinadas contra a febre aftosa, nas comunidades indígenas de Sapã, Piolho, Campo Formoso e Ponto Geral, ao Norte e Nordeste do Estado, na fronteira com a Venezuela. Essa foi a última ação para concluir os trabalhos da Agulha Oficial, visando a imunização do rebanho bovino nessas localidades.
Por serem áreas de difícil acesso, onde só podem ser alcançadas por aeronaves, as comunidades receberam a assistência de um médico veterinário e um técnico em Agropecuária, que foram fazer o trabalho de vacinação contra febre aftosa. Estes servidores são da Unidade de Defesa Agropecuária de Pacaraima.
Essas localidades que fazem fronteira com a Venezuela foram as últimas a serem assistidas pela Agulha Oficial, devido a logística ser mais complicada e sendo necessário um cuidado maior na preparação.
Conforme ressaltou o médico veterinário Marcondes Tavares, é sempre importante fazer a imunização dos animais dessas comunidades, pois o país vizinho [Venezuela] não tem status definido sobre a febre aftosa.
“É uma região de importância estratégica para o Brasil, porque faz fronteira com a Venezuela, país que tem status para febre aftosa desconhecido, e é o pior status que a gente pode ter em relação à doença, pois não se tem dados que possam nos orientar nas ações de combate e erradicação da aftosa,” disse Tavares.
“É essencial a participação do Governo de Roraima nesse processo de vacinação do gado em terras indígenas. Isso representa segurança alimentar para a população indígena e possibilidade de aumento do rebanho de forma segura, descartando doenças”, enfatizou o governador Antonio Denarium.
Parceria entre governos do Estado e Federal
Por meio de parceria, a vacinação nas chamadas áreas de voos contou com investimento do Ministério da Agricultura e Governo de Roraima. O MAPA financiou o deslocamento da aeronave até as localidades, e em contrapartida, o Governo de Roraima cedeu vacinas e os servidores para realizarem a imunização do rebanho nas comunidades.
Além da vacinação, foram realizadas palestras sobre os sintomas das doenças nos bovinos, enfatizando a febre aftosa, as causas, como se dá a transmissão e como se prevenir para evitar a introdução no rebanho da comunidade e a forma de profilaxia desses animais, imunização e prevenção.
“Fizemos também a inspeção clínica. A gente escolheu uma amostragem de cada rebanho e como médico veterinário, procedi a análise da cavidade bucal, língua, mucosa orais, tecidos externos [ubre e patas] a fim de buscar lesões que identifiquem a presença de doenças, onde a febre aftosa é a vilã. Constatamos que os animais estão saudáveis, provando o bom trabalho de sanidade feito pela Aderr”, destacou Tavares.
Agulha Oficial
Este ano, as vacinas foram doadas pelo Governo Federal. O governo estadual teve como contrapartida o pagamento de diárias, a cessão de servidores, carros e combustível. São 45 dias dentro da mata e uma equipe composta por 15 pessoas, com a missão de imunizar 50 mil cabeças de gado.
Há 10 anos, teve início o trabalho da Agulha Oficial. Muitas dificuldades foram enfrentadas para cumprir com a cobertura vacinal projetada pelos técnicos. Apesar dos obstáculos, sempre houve êxito nas ações. Hoje, existem rotas georreferenciadas, comunicação por internet, participação massiva dos indígenas, melhorias nas estruturas físicas, dentre outros benefícios que facilitam os trabalhos dos vacinadores.
“Não há dúvidas que é um serviço fundamental para a imunização dos rebanhos nas comunidades indígenas, ajudando a manter nosso status de área livre de febre aftosa com vacinação”, destacou o presidente da Aderr, Kelton Lopes.