A Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) deve lançar até o final de 2024 o primeiro concurso público regionalizado para formar o quadro de servidores do Hospital Universitário de Roraima (antigo Hospital das Clínicas). A informação foi revelada pelo reitor da UFRR (Universidade Federal de Roraima), Geraldo Ticianeli, durante a edição de domingo (16) do programa Agenda da Semana, da Folha FM (confira a entrevista completa ao final da reportagem).
A seleção deve contemplar não apenas profissionais da Saúde, como enfermeiros e médicos, mas também servidores da área administrativa. O vínculo empregatício será pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)
Ticianeli estimou que o hospital deve precisar de quase 1,3 mil servidores e chegou a esse número ao calcular a necessidade de profissionais para cada leito: seis para um. O Hospital das Clínicas, em transição para se tornar universitário, passará dos atuais 120 leitos para 258.
“Esse concurso gera uma grande expectativa, porque tem uma média salarial muito boa pro nosso Estado, paga muito bem. Tem a garantia de um concurso federal, por ser empresa pública. Paga melhor que alguns órgãos federais. Em breve, teremos essa novidade”, disse.
Transição para hospital universitário
Durante o programa, o reitor da UFRR resumiu em etapas o processo de transição administrativa do hospital entre os governos estadual e federal: a inserção do projeto no Novo PAC, a transferência do Hospital das Clínicas para a União, e as assinaturas do protocolo de intenções com a Ebserh e do contrato com a empresa pública gestora – este com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana. “A vinda do ministro sela o início do funcionamento do nosso hospital”, explicou Ticianeli, destacando que, em até um ano, o hospital será gerido totalmente pela Ebserh.
“O hospital universitário federal será um HGR [Hospital Geral de Roraima] da zona Oeste da nossa capital, atendendo uma população que tem se deslocar para o Centro para conseguir atendimento […]. É um hospital 100% gratuito, 100% SUS, que é a nossa principal fonte de renda pra esse orçamento”.
O reitor explicou que, além dos R$ 100 milhões iniciais para a estruturação do novo hospital, ele terá custo de manutenção anual de R$ 450 milhões – com recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) e do Ministério da Educação. “[O dinheiro] não passa pela universidade ou ente estadual e municipal. O governo federal diretamente se estrutura”, esclareceu.
Greve e estudantes
O reitor da UFRR também explicou que, apesar da greve de professores e técnicos administrativos, a instituição não está parada, uma vez que existem servidores que não aderiram ao movimento, e que o calendário universitário não foi suspenso. “Direito de greve é um direito justo. Todo cidadão pode exercê-lo”, disse.
“Como servidor, rogo para que tenha sucesso o diálogo com o governo federal. A reitoria não determina nem abertura nem fim de greve […]. Estou vendo alguns movimentos de atendimento [das demandas] que podem vislumbrar um cenário de finalização”, esclareceu
Orçamento apertado não afetará estudantes
Ticianeli garantiu que está fazendo o possível para que estudantes não sejam afetados pela escassez de recursos orçamentários, como a instalação da usina fotovoltaica que deve economizar R$ 1 milhão. Ele exemplificou que, em dez anos, o orçamento para despesas não-obrigatórias da instituição encolheu 66%: de R$ 114 milhões, caiu para R$ 39 milhões. “Só o contrato de energia elétrica são R$ 6 milhões”, disse.
Geraldo Ticianeli explicou que, se até setembro, a universidade não receber novos recursos federais para completar o orçamento de 2024, precisará diminuir despesas, como limpeza externa e combustíveis, sem afetar os auxílios dos estudantes. O reitor revelou ter solicitado apoio do Governo Lula.
Essa declaração foi uma resposta a uma fala do professor Jaci Guilherme Vieira, líder do movimento grevista, durante o Agenda da Semana de 3 de junho. Naquela ocasião, Vieira afirmou que as universidades brasileiras poderiam fechar em setembro.