Cotidiano

Condenado por genocídio de índios recebeu auxílio emergencial

Pedro Emiliano Garcia foi preso na semana passada pela Polícia Federal; Auxílio foi pago em maio

O único brasileiro vivo condenado por genocídio recebeu o auxílio emergencial pago pelo governo federal. O garimpeiro Pedro Emiliano Garcia, de 59 anos, foi preso com mais de dois quilos de ouro em Boa Vista na semana passada, em uma operação da Polícia Federal (PF).

“Pedro Prancheta” como é conhecido, foi sentenciado pelo “Massacre do Haximu” (1993), quando 16 indígenas Yanomami, entre eles cinco crianças, três moças e uma idosa cega, foram mortos a tiros por 22 garimpeiros e pistoleiros. Apenas quatro foram sentenciados de 19 a 20 anos em regime fechado, incluindo Garcia.

A informação sobre o recebimento do ‘coronavoucher’ pode ser facilmente confirmada no Portal da Transparência da Controladoria Geral da União (CGU), na área destinada a lista de beneficiários do auxílio pago a pessoas que ficaram sem fonte de renda devido a pandemia da Covid-19.

Apesar da grande quantidade de ouro e dinheiro que tinha em mãos quando foi preso recentemente, Garcia recebeu em maio a primeira parcela de R$ 600. O endereço cadastrado por ele foi Boa Vista.

Os seis números do CPF que aparecem na pesquisa do Portal, coincidem com os mesmos encontrados nos documentos obtidos pela reportagem da FolhaBV, que são uma denúncia do Ministério Público Federal em 1993; mandado de prisão expedido em 1996; processos da Justiça Federal de 2012 a 2018 e no registro de três aeronaves em nome do garimpeiro no site da Agência Nacional de Aviação (Anac).

Um dos aviões, no entanto, foi apreendido e disponibilizado em leilão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Vara (TRF-4). Trata-se de Cessna Aircraft 182k fabricado em 1967, com último lance de R$ 23 mil. Todas as aeronaves eram utilizadas na logística do garimpo, conforme investigação da PF.

A última prisão de ‘Prancheta’ mostra que mesmo após 27 anos do massacre e, ter sido alvo de outras quatro operações da PF, ele continua envolvido com a mineração ilegal nas terras indígenas de Roraima. Desta vez, as suspeitas são de que ele seja dono de um garimpo e atua em operações de transporte aéreo para o acampamento. Ele pode responder por usurpação de patrimônio da União, com pena de até cinco anos.

Na semana passada, dia 3, o TRF-1 determinou que a União teria 15 dias para retirar os garimpeiros da Terra Yanomami como forma de combate ao novo Coronavírus na região. Entidades estimam que há mais de 20 mil mineradores ilegais na área.