Cotidiano

Condutores não se sentem inibidos por multas de trânsito

Conselho de Segurança estudou comportamento de condutores roraimenses e apontou necessidade de melhorias na educação para o trânsito a fim de diminuir infrações

As multas punitivas não estão sendo suficientes para coibir as infrações de trânsito em Roraima, conforme apontou um estudo feito pelo Conselho de Segurança Comunitária. Os dados foram levantados de forma voluntária, sem o apoio de órgãos estaduais e municipais, e demonstraram que é preciso aumentar as ações educativas.

O estudo, que teve início em 15 de janeiro e término no dia 24, avaliou as vias públicas em Boa Vista e também na RR-205, sentido Alto Alegre. Não foi possível calcular com exatidão o número de veículos avaliados, mas os pesquisadores calculam em torno de 1.700 durante esse período.

Edvar Menezes, diretor do Conselho e especialista de trânsito há 15 anos, disse que a iniciativa foi tomada com outras cinco pessoas para sensibilizar os condutores sobre as infrações que são cometidas diariamente quando não há o risco de fiscalizações.

“Seria mais difícil com abordagem. Teria que mobilizar toda uma infraestrutura para fazer essa logística. Somos um Conselho voltado para a comunidade”, destacou.

A direção pelo lado esquerdo da pista de rolamento com velocidade menor que a permitida foi a infração mais vista durante a pesquisa na capital, representando 24%. Em segundo, destaca-se o não ligamento do pisca ao fazer uma conversão, com 17%, e motociclistas com calçados inadequados ficando em terceiro, com 15%.

Jogar lixo nas ruas enquanto dirige, sendo latinhas ou sacolas, ficaram com 14% em Boa Vista e 26% no interior. O uso de celular e a falta de cinto de segurança também foram destaque no estudo feito. Menezes enfatizou que pretende levar os dados para o Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran-RR) e para a Secretaria Municipal de Trânsito (Smtran) para a possível formulação de novas ações educativas.

O diretor da pesquisa enfatizou que é preciso ter uma transparência maior nos dados obtidos pelo Detran sobre as infrações e que seja possível combinar as medidas para diminuir as infrações de trânsito. Ele acredita que quanto mais cedo a educação for feita, nas escolas e com crianças, maiores são as chances de ter condutores mais conscientes.

MULHERES – Um ponto avaliado na pesquisa demonstrou que as mulheres são melhores condutoras e dirigem com mais cuidado.

“A única questão que vimos de errado foi o uso de calçado inadequado. Há as que usam salto alto e isso pode dificultar alcançarem o chão, caso estejam com moto. Elas reduzem quando passam em um buraco, ligam o pisca. O erro é questão da vaidade, mesmo”, afirmou.

Nas motos, o estudo apontou poucos motociclistas sem capacetes, mas também com calçado impróprio e aumentando o risco de algum acidente, assim como excesso de bagagem nas motocicletas. Durante a pesquisa, foi visto que nas BRs a falta do uso de cinto de segurança é maior porque não há uma fiscalização da mesma forma que no perímetro urbano.

“É muito difícil o Detran ministrar uma palestra nas escolas. Isso depende também de cada gestor, mas falta incentivo por parte do órgão. Só tem durante a Semana do Trânsito e nada mais. Tem que começar nas escolas, é uma questão educativa porque mexer no bolso mexe com o cidadão, mas parece que não estão levando a sério.

Detran diz que vai verificar fatos para saber medidas a serem adotadas

A equipe de reportagem procurou o Detran para saber se recebeu os dados levantados pela pesquisa e se haveria a possibilidade de ação conjunta com o conselho voluntário. A assessoria de comunicação informou que, por ter sido protocolado ontem, o diretor presidente do órgão não tinha conhecimento dos fatos, mas iria apurá-los e verificar a situação.

A Prefeitura de Boa Vista também foi questionada, mas não enviou resposta até o fechamento desta matéria. (A.P.L)