Cotidiano

Condutores podem recorrer de multas de trânsito irregulares

Caso motorista não concorde com aplicação de multa pode procurar meios legais para solicitar anulação da infração, desde que seja comprovada

Receber uma multa de trânsito em casa nunca é agradável. Quando a infração é aplicada de forma incorreta, o transtorno é ainda maior. Com o aumento no número de multas somente na capital, o debate sobre as sanções e direitos legais dos condutores voltou à tona, demonstrando que há uma falta de informação sobre a temática.

Em 2017, foram registradas 23.944 multas por infrações em Boa Vista. Até novembro deste ano, o número subiu para 33.389, representando um aumento de 39,44%, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RR). Há, contudo, meios de defesa e recursos nas três esferas que possuem órgãos de trânsito, seja municipal, estadual e federal.

De acordo com o engenheiro civil com habilitação em Trânsito, Marcus Duarte, após o recebimento de uma notificação que o condutor não concorde, existe quatro caminhos que pode buscar reparação no departamento em que a multa foi aplicada, visando recorrer da infração.

No primeiro momento, faz uma defesa prévia para avaliação da notificação infracional. Caso não consiga a anulação, segue-se para a primeira instância na Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI), onde será feito um novo pedido para avaliação e possível anulação da multa. Se o condutor perder nessa instância, ele ainda pode ir até o Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN) e solicitar a anulação em segunda instância.

“Todos têm direito a recorrer a esses órgãos. São comissões montadas em cada órgão que aplicam a infração. Mas isso é apenas área administrativa, ainda temos a área judicial, ou seja, temos muitas chances de nos defender se tiver tido alguma coisa de irregular e puder ser comprovada. Se achar que é injusta pode recorrer”, explicou o engenheiro.

O engenheiro apontou que muitas pessoas ainda não sabem que podem se utilizar desses meios para anular uma infração de trânsito que pode ter sido aplicada erroneamente. Ele apontou que existe a possibilidade de falhas durante a aplicação das multas, seja pelo agente de trânsito ou da forma como são formalizadas as infrações, que não havendo contestação, serão cobradas normalmente.

PARDAIS – Na capital, a fiscalização eletrônica de trânsito continua causando muita polêmica. Duarte apontou que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) não teve acesso aos estudos feitos pela Prefeitura de Boa Vista em relação à instalação dos radares, popularmente conhecidos como ‘pardais’.

O especialista contesta a transparência do funcionamento desses equipamentos, informando que toda a pesquisa feita pela gestão municipal deveria estar disponível no CETRAN para toda população. Outro ponto levantado pelo engenheiro foi a falta de campanhas educativas, que ainda é um fator prejudicial à população boa-vistense.

“Foram colocadas fiscalizações educativas, mas as pessoas pensam que são radares e acaba provocando transtorno no trânsito, porque reduzem muito a velocidade”, destacou.