O saldo do conflito ontem, 22, na Venezuela foi de uma morte confirmada e cerca de 15 feridos. O relato é que a primeira vítima se chama Zoraida Rodriguez, da Comunidade Kumaracapay, na Comunidade Indígena San Francisco de Yuruani, na Gran Sabana. Ela teria morrido devido a um ataque de arma de fogo da Guarda Nacional Venezuelana durante a madrugada.
Segundo informações, o tumulto começou por volta das 6h quando militares tentaram passar com tanques em direção a Santa Elena de Uairén, na fronteira com Pacaraima, e entraram no perímetro dos indígenas da etnia Pemon.
Os índios tentaram bloquear a passagem, a Guarda Nacional Venezuelana entrou à força e atirou com arma de fogo, balas de borracha e lançou bombas de gás lacrimogêneo. A comunidade é contrária ao governo de Nicolás Maduro e apoia as atividades do presidente da Assembleia Nacional e autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.
Com os ferimentos graves de muitas das vítimas, sete delas foram conduzidas às pressas para Boa Vista. Outros foram atendidos em Pacaraima e em Santa Elena.
De acordo com Melani Oviedo, mulher de um dos feridos que acompanhou as vítimas até Boa Vista, a Guarda Nacional Venezuelana, a princípio, não quis deixar a ambulância passar.
“Meu marido, cunhado e tio têm feridas no abdômen. Os outros têm feridas no estômago. Fomos cercados. Mais de 14 feridos e uma pessoa morta. Temos outros feridos que não conseguimos trazer para cá”, informou a venezuelana.
Melani lamentou ainda a atitude da Guarda Venezuelana e se disse contra o posicionamento de Maduro, que não autoriza a entrada da ajuda humanitária dos Estados Unidos.
“Maduro não se importa com as pessoas, com as crianças. Isso tudo para não deixar a ajuda humanitária passar”, chorou.
Yelithza Rivero, sobrinha de um dos feridos, disse que os indígenas estavam esperando a chegada dos caminhões venezuelanos, que supostamente vão transportar os itens da ajuda humanitária, em Pacaraima, quando tudo aconteceu.
“Às 2h da manhã, como não chegaram, nós fomos para casa esperar. Amanheceu e às 6h chegou o grupo de militares”, completou.
Durante todo o dia, guardas venezuelanos fizeram um cordão de isolamento para impedir que bloqueio da fronteira fosse furado (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)
Durante o dia, houve rumores de que um dos pacientes internado no Hospital Geral de Roraima havia morrido, mas não houve confirmação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
Em nota, a pasta informou que sete pacientes venezuelanos vítimas de conflitos em seu país passam por atendimento no HGR. Eles foram feridos numa região a cerca de 70 quilômetros da fronteira com o Brasil.
Os pacientes foram identificados como Fidel Gabriel Pulido Fernandez, 36 anos; Geber Alfredo Perez Rivero, 21; Kliver Alfredo Perez Rivero, 24; Rolando Garcia Martinez, 52; Alfredo Perez, 48; Evencio Sosa, 44; e Onesimo Rigoberto Fernandez, 48.
“Todos estão com ferimentos provocados por arma de fogo. O estado de saúde desses pacientes é considerado grave, sendo que três deles estão em situação mais crítica”, informou a pasta.
A Sesau disse ainda que cinco pacientes foram encaminhados ao Centro Cirúrgico da Unidade e que outros dois estão em observação no Grande Trauma.
“Além disso, dois venezuelanos foram atendidos no Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima. Eles tinham escoriações e já tiveram alta”, concluiu a nota.