Cotidiano

Conflitos em área invadida prosseguem

Cerca de duas mil famílias brigam para manter a posse de área de preservação ambiental ocupada há cerca de um ano

A ocupação de uma área de preservação ambiental – desde o início do ano passado, no Município de Rorainópolis, Sul do Estado – tem gerado conflitos cada vez mais tensos na região. Cerca de duas mil famílias brigam por terrenos no local, que pertencem ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Segundo um morador, que preferiu não se identificar, a Prefeitura estaria apoiando aos invasores na construção de casas e adiando os prazos marcados para a reintegração de posse da área. “Fui à Câmara, conversei com os vereadores e eles falaram que a Justiça havia dado um prazo para que todos saíssem do local. Porém, a prefeitura intercedeu e deu um prazo de mais 30 dias, mas até agora nada foi feito”, afirmou.
Além do desmatamento ilegal para a construção de casas, que fica dentro do perímetro urbano do município, os invasores ateiam fogo na mata diariamente. “Está acontecendo muita queimada sem controle e os moradores da cidade estão sendo prejudicados com isso”, explicou.
O morador afirmou que máquinas da prefeitura estariam trabalhando na construção de lotes. “Entra trator da prefeitura lá dentro para ajudar a levar materiais. O que me indigna é que eles tinham o controle disso e não evitaram. Deixaram invadir”, afirmou.
PREFEITURA – Por telefone, o prefeito de Rorainópolis, Adilson Soares (PP), mais conhecido como Adilson do Asa, explicou que foi feito um pedido para que a área invadida fosse regularizada, mas que até hoje o Incra não se manifestou a respeito. “A área é da União e foi solicitada pelo município. Chamamos o Incra para conversar, mas querem que a gente assuma a responsabilidade, mas não vamos”, afirmou.
O prefeito disse que tem denunciado aos órgãos competentes as irregularidades no local. “Notificamos o Incra, mandamos documentos para a superintendência e informamos que está sendo feita a derrubada de árvores. Além disso, como é uma área de preservação, notificamos o Ibama e o Ministério Público sobre o crime ambiental”.
O prefeito classificou as denúncias de que a prefeitura estaria deslocando máquinas para ajudar na construção de casas como infundadas e negou a ajuda aos invasores. “Eu não permito que a máquina da prefeitura e nenhum equipamento encostem lá. Os ocupantes me pedem ajuda para levar carrada de barro e tijolo, mas não permito. A área é irregular e levo isso com critério e responsabilidade”, frisou.
Contudo, o prefeito destacou que não vai permitir que a reintegração de posse do terreno seja feita “na brutalidade”. “O Incra vai notificar, mas não podem vir na brutalidade. Tem gente que precisa dessas casas. Não repassaram as áreas e agora querem tirar  a todo custo”, frisou.
O presidente da Câmara dos Vereadores de Rorainópolis, Márcio Moreira, lamentou a omissão por parte da Secretaria de Meio Ambiente por ter “deixado acontecer a invasão”. “Na verdade, eles foram omissos. Deveriam ter notificado e poderiam ter feito algo para evitar aquilo”.
INCRA- Por telefone, o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Kelton Lopes, disse que o órgão irá verificar junto à Procuradoria a maneira mais viável para a reintegração de posse. “Não temos previsão para fazermos essa ação”, disse. (L.G.C)