A Universidade Federal de Roraima (UFRR) se prepara para as eleições para os cargos de reitor e vice-reitor da instituição para o quadriênio 2020 a 2024 e os debates com os quatro candidatos inscritos começam na próxima quarta-feira, dia 2 de outubro, a partir das 18h30, no CAF do Campus Paricarana.
Nos debates serão abordados temas: ensino, pesquisa, extensão e administração. A eleição será no dia 25 de outubro.
A Folha entrevistou os quatro candidatos e a todos fez perguntas sobre: Receita financeira da UFRR; Programa Future-se; Visão da UFRR sobre a Amazônia; e a interferência da AGU na administração da Instituição.
AMÉRICO LIRA
Foto: Wenderson Cabral
O vice-reitor Américo Alves de Lyra Júnior é professor doutor do curso de Relações Internacionais da UFRR
“A Universidade possui receitas correntes e próprias. Vamos trabalhar por outros recursos e desenvolver projetos de ensino, pesquisa e extensão, com emendas parlamentares, parcerias nacionais e internacionais com institutos de pesquisas, universidades, organizações internacionais e fundos de pesquisa, além de promoveremos parcerias público-privadas. Também iremos fomentar novas tecnologias voltadas para o empreendedorismo.
Sobre o Programa Future-se, reconhecemos a importância de debater questões sobre gestão, governança e empreendedorismo, pesquisa e inovação, internacionalização nas universidades federais.
Quanto à visão da UFRR sobre a Amazônia, sabemos que a UFRR tem o papel de promover a cultura do desenvolvimento sustentável e é protagonista dos processos de integração interculturais e globais e de educação de excelência e sustentável. Iremos desenvolver estrategicamente a cooperação entre países em desenvolvimento para consolidar a UFRR como centro de excelência na região norte da América do Sul.
Sobre a relação a AGU, entendemos que os órgãos fiscalizadores possuem papel importante para prestar assistência técnico-jurídica, cumprindo sua função de controle externo. Nosso compromisso é com autonomia universitária para desempenhar seu papel transformador de conhecimento”.
JOSÉ GERALDO
Foto: Divulgação
– José Geraldo Ticianeli é professor-adjunto da UFRR e diretor do Centro de Ciências da Saúde
“A receita orçamentária da UFRR é composta de recursos oriundos do Ministério da Educação. A partir do limite, a instituição elabora seu plano anual, pois conta com receitas próprias arrecadadas por taxas de serviços prestados, com receitas de repasses de convênios e emendas parlamentares.
Somos contra o Future-se por conta da ameaça à autonomia universitária e pela ingerência da gestão administrativa e financeira através das Organizações Sociais (OS). Além disso, o projeto não esclarece os 45 dispositivos que alteram 16 leis.
Quanto à visão da UFRR sobre a Amazônia, pretendemos ampliar a formação de profissionais atrelados à pesquisa científica e atividades de extensão, que são cruciais para o desenvolvimento. Temos que definir áreas prioritárias de atuação de forma a contribuir para mitigar as disparidades regionais.
Entendemos que a função da AGU é viabilizar políticas públicas, mantendo a administração e seus gestores na legalidade e desempenhando um importante papel consultivo. O respeito aos órgãos de controle é importante, mas também é necessário se observar a autonomia universitária e pretendemos manter um diálogo constante, construindo assim uma relação de respeito mútuo”
JEFFERSON FERNANDES
Foto: Divulgação
– Jefferson Fernandes é o atual reitor e é professor doutor do curso de Agronomia
“Em anos anteriores, a UFRR cadastrava no sistema do MEC os programas orçamentários referentes aos anos subsequentes. Para 2020, o próprio MEC foi quem realizou esse cadastro e afirmou que a UFRR terá o mesmo orçamento de 2019. Contudo, esse orçamento é insuficiente para manter as despesas para o próximo ano, que são ligadas ao ensino, à pesquisa e à extensão.
Sobre o Programa Future-se, é importante esclarecer que o Conselho Universitário da UFRR, decidiu se manifestar contrário à proposta por entender, que o programa não apresentava de forma clara políticas comprometidas com as premissas que constituem a universidade pública, apresentando, inclusive, falta de alinhamento com o Plano Nacional de Educação (2014-2024).
Quanto a visão da UFRR sobre a Amazônia, sempre buscamos implementar ações de ensino, pesquisa e extensão que conjuguem estudos sobre a Amazônia.
Sobre a AGU, é importante esclarecer que não há uma interferência na administração, mas uma parceria onde a AGU analisa os processos da Universidade, primando pelo princípio da legalidade. Manteremos um relacionamento pacífico e ordeiro com nossos estimados colaboradores.”
VÂNIA LEZAN
Foto: Divulgação
– Professora Vania Graciele Lezan Kowalczuk
“Estamos num cenário de aperto financeiro e teremos que aprender a gerir melhor os escassos recursos. Porém, o grande problema é que perde-se recursos por vários motivos. Por inadimplência, por perder prazos de execução, etc.
Sobre o Future-se, concordamos com o posicionamento da UFRR em se colocar contrário ao Programa, mesmo porque já temos relacionamento com a iniciativa privada e não precisamos de uma organização social (OS) para intermediar ações. O future-se é inconstitucional e fere a autonomia da Universidade.
A visão que temos é que a identidade da UFRR é amazônica de tríplice fronteira e é essa identidade que temos que valorizar e captar recursos para projetos em áreas ambientais, de imigração, de problemas sociais e culturais, e energéticos. Precisamos valorizar e assumir essa identidade amazônica e que a UFRR assuma novamente o protagonismo perante a sociedade roraimense.
Do ponto de vista instrumental, vamos criar uma interlocução com a AGU e não procurar brigar com a Advocacia. A gestão atual não contrapunha nenhum ponto e não explicava as especificidades, aceitando todas as sugestões da AGU, mesmo a AGU colocando a necessidade de se explicar melhor, preferiu acatar o que a AGU estava sugerindo. Pretendemos consolidar uma assessoria jurídica forte e competente, que seja capaz de intermediar nossos anseios perante a necessidade de atendimento legal do que a AGU nos solicita”.