“Constrangimento que passamos […] Fomos buscar nosso certificado e não deixaram entrar porque a roupa não estava adequada”, detalhou à FolhaBV uma denunciante, que preferiu o anonimato, após ser impedida de entrar na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) em um encontro alusivo ao mês da mulher. O motivo seria uma fenda lateral no vestido dela.
Procurada, a ALE-RR não se manifestou até a última atualização da matéria.
O encontro ocorrido na ALE-RR nesta quarta-feira (29), além de encerrar a programação voltada às mulheres, também seria destinado à entrega dos certificados de cursos ofertados ao público feminino e realizados ao longo deste mês. Além dela, outras cinco mulheres foram impedidas de entrar no local.
“Teve uma moça que estava com decote nas costas e aparecendo um dedo da barriga dela. Ela foi lá no Centro comprar uma blusa. A outra pediu o moto-táxi para levar outra roupa para ela. Não avisaram a gente no curso como teria que ir vestido. Não tiveram consideração por ser o mês da mulher e abrir essa exceção”, salientou a denunciante.
No último dia 22, a FolhaBV noticiou que o presidente do Coletivo Cultural Maku-X, Ricks Aguiar, foi barrado na entrada da ALE-RR por usar um boné, um artigo símbolo da cultura hip-hop. Ele disse ter sido vítima de discriminação e preconceito cultural e que, por conta disso, foi o único a ser impedido de entrar no local, onde participaria de reunião agendada com parlamentares e outras lideranças de movimentos culturais do Estado. A situação teria ocorrido no dia 15 deste mês.
Após a repercussão do caso de Ricks, os deputados estaduais Lucas Souza e Catarina Guerra se posicionaram contra a norma da Casa que pode barrar a entrada de pessoas com roupas ou assessórios não permitidos.
“Essa Casa aprovou projetos que autorizam a entrada de animais domésticos em prédios públicos, e ao mesmo tempo, barrou um artista que usa um boné, um chapéu, como uma identidade cultural própria dele. Então, acredito que tanto a entrada de animais domésticos é justa para quem precisa, mas como a entrada de artistas portando um tipo de vestimenta que o identifique. […] Como presidente da Comissão de Cultura, nós precisamos nos posicionar contra assuntos que as vezes podem parecer indigestos. Mas, que nós possamos repensar algumas normas aqui da Casa e que a Casa continue sendo uma Casa de acesso ao povo de Roraima”, declarou Souza.
Já Catarina Guerra, informou ter protocolado requerimento para readequação da legislação interna.
“A gente precisa realmente estar sanando todos esses pontos, como também a Superintendência-Geral para que ela também se manifeste e busque as alternativas de meio a ser feito, de modo gestão, com a guarda, com todos os envolvidos para que possamos apurar, já que não concordamos e não vamos compactuar jamais com esse tipo de ação. […] nos solidarizar com o fato, seja ele pelo Ricks ou qualquer outro que talvez já tenha ocorrido e não tivemos ciência, mas de hoje em diante a gente não pode permitir jamais que nenhuma pessoa que queira adentrar trajando, portando objetos que representam a sua cultura, ou por qualquer situação de necessidade que venha buscar a Casa do Povo, sejam impedidos de entrar aqui”, disse a deputada.