Cotidiano

Construções em terrenos impróprios aumentam casos de alagamentos

De acordo com o secretário de Gestão Ambiental, Daniel Peixoto, as invasões realizadas em espaços alagadiços prejudicam a ação da Prefeitura

Com o início do período chuvoso em Boa Vista aumentam os casos de alagamentos e as dificuldades de locomoção nas ruas da cidade, principalmente nos bairros mais afastados do centro, que são conhecidos pelos pontos de acúmulos de água, como os da Zona Oeste da Capital.

De acordo com o secretário municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas, Daniel Peixoto, um dos fatores que colabora para os problemas de alagamentos é o fato de Boa Vista ser uma cidade plana, com alguns pontos mais críticos. Além disso, o secretário também acredita que outro grande inconveniente que resulta em alagações é quando as casas são construídas em áreas impróprias, de preservação ambiental, em especial quando se trata de invasões.

“Quando acontecem esses problemas de alagamentos, geralmente são pessoas que invadiram ou lagoa ou área de preservação permanente, completamente desorganizados”, comentou o secretário. “Mas no início da gestão da prefeita Teresa Surita foi determinado que todos os envolvidos com esse problema fizessem um planejamento de ações para amenizar essa situação de pessoas que invadiram e muita das vezes até influenciadas por outras pessoas”, relatou.

Segundo o secretário, a Prefeitura possui uma orientação para as secretarias que atuam no projeto “Patrulha da Chuva”. O grupo que otimiza os serviços de limpeza, obras de drenagem, pavimentação e nivelamento de ruas também é orientado a estar atento à questão habitacional e agir imediatamente para resolver a situação e impedir qualquer possível risco à saúde e segurança dos munícipes. “Por exemplo, temos uma situação onde pessoas construíram as suas casas na beira de um lago. É claro que chovendo, esse lago vai subir e vai invadir as casas das pessoas. Então, o que está faltando é a consciência da população”, garantiu o secretário.

“A população tem que parar para pensar e não construir em áreas de preservação, próximo a igarapés, pois com certeza isso poderá resultar em um alagamento e muitas das vezes as pessoas podem até perder os seus bens”, declarou Peixoto.

Uma das outras formas de tentar solucionar esta questão é o reforço do monitoramento dessas localidades, promovido pela Secretaria de Gestão Ambiental em parceria com a Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur). “Se a secretaria constatar, com a fiscalização e o monitoramento, a construção em área indevida, de imediato a gente tira essa pessoa de lá”, esclareceu Peixoto. Segundo ele, a ação de impedimento tem o objetivo maior de garantir a segurança dos moradores da região. “Não tem como a gente deixar a pessoa ali no lugar que ela está sabendo que ela pode sofrer e depois vir a responsabilizar o município por isso”, esclareceu.

No caso das habitações mais antigas, Daniel Peixoto garante que não será feito o desalojamento dos moradores e reforçou que a ação tem o objetivo de coibir apenas novas construções. “É até desumano a gente tirar uma casa de uma pessoa que já está instalada, habitando com os seus filhos e não tem para onde ir, mas agora, com esse ordenamento, não estamos permitindo mais esse loteamento desorganizado. Tem toda uma regra pra ser cumprida, de acordo com um plano diretor e as leis ambientais, tanto municipal como estadual e federal”, garantiu.

A secretaria também estará multando a população que deixar acúmulo de galhadas, entulhos e materiais de construção em frente às residências, que, além de cometerem crime ambiental, colaboram com a dificuldade de escoamento e possível alagamento em residências em áreas de risco.

ZONA OESTE – De acordo com o secretário, a situação dos bairros que contemplam a Zona Oeste da Capital, uma das áreas mais castigadas pelo período chuvoso, é ainda mais complicada. “Essa zona é formada por lagos. Se você entrar em um bairro como o Bela Vista, Raiar do Sol, Pintolândia, Conjunto Cidadão e Senador Hélio Campos, por exemplo, é uma formação de lagos que foram os igarapés Caranã, Matrinxã e outros”, relatou.

No entanto, o secretário afirma que a Prefeitura realizou um mapeamento das áreas críticas e que as secretarias estão trabalhando com foco nesses pontos para evitar que os moradores não sofram mais com a chegada das chuvas.

As ações citadas foram o asfaltamento de ruas, com ênfase no bairro Raiar do Sol, com um recurso de cerca R$ 27 milhões, mais seis ruas com asfaltamento e drenagem no bairro Nova Cidade e a licitação de uma nova obra de R$ 45 milhões para atender seis bairros da região. (P.C.)